Lucro das incorporadoras cresce 29% no 1º trimestre de 2025
Lucro das incorporadoras cresce 29% no 1º trimestre de 2025

O setor de incorporações imobiliárias iniciou 2025 em trajetória positiva, mesmo diante de um ambiente macroeconômico adverso, marcado por juros altos, inflação elevada e menor oferta de crédito. Segundo o estudo Incorporadoras – Q1 2025, da Grant Thornton Brasil, o lucro líquido combinado de 19 empresas listadas no Novo Mercado da B3 cresceu 29% no período, totalizando R$ 1,3 bilhão.

Para Thiago Bragatto, sócio de Auditoria da Grant Thornton Brasil e coordenador do estudo, o cenário regulatório também contribuiu para o desempenho do setor. “A criação da Faixa 4 do Minha Casa Minha Vida, voltada para famílias com renda de até R$ 12 mil, abre novas frentes de atuação e amplia o mercado consumidor. Em paralelo, a queda do desemprego reforça a confiança das famílias na aquisição de imóveis”, analisa.

O desempenho do trimestre foi impulsionado por um aumento de 15,1% nos lançamentos e 15,7% nas vendas, conforme dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e da Brain Inteligência Estratégica. A margem bruta consolidada avançou para 32,8%, com alta de 1,5 ponto percentual em relação ao quarto trimestre de 2024. Já a margem de lucro líquido recuou para 12,1%, reflexo da sazonalidade do início do ano, geralmente menos aquecido para o setor.



A receita líquida somou R$ 11,2 bilhões entre janeiro e março, representando alta de 18,2% sobre o mesmo período de 2024. Os custos de imóveis vendidos chegaram a R$ 7,5 bilhões (+12,6%). Já os estoques foram avaliados em R$ 45,1 bilhões no fim de março, com variação positiva de 1,7% frente a dezembro. As despesas administrativas cresceram 7,2%, enquanto as despesas comerciais subiram 28,7%, em linha com o aumento das atividades de lançamento.

O estudo também revela um avanço no Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE), que atingiu 12,3%, mantendo a tendência de alta e evidenciando a eficiência na geração de valor aos acionistas. Contas a receber e empréstimos também apresentaram elevações, de 4,4% e 1,5%, respectivamente, indicando maior exposição ao crédito, mas em uma estrutura financeira ainda equilibrada.

Para Maria Regina Abdo, sócia de Auditoria e líder de Real Estate & Construção da Grant Thornton Brasil, os dados indicam solidez da operação e capacidade de adaptação das empresas. “Vendas aquecidas, lançamentos em alta e custos sob controle revelam não apenas resiliência, mas também maturidade estratégica das incorporadoras”, afirma.

Perspectivas positivas

Mesmo com a Selic em 15% ao ano e o INCC-DI (Índice Nacional de Custo de Construção – Disponibilidade Interna) acumulando 7,54% em 12 meses, a expectativa é de que o setor siga em expansão ao longo do ano. O ciclo longo das incorporações — que varia entre três e cinco anos — e o uso do critério POC (Percentage of Compliance, um controle contábil importante para empresas que comercializam unidades imobiliárias em construção) para reconhecimento de receita oferecem previsibilidade e sustentação de fluxo, mesmo diante de instabilidades conjunturais.

“O cenário pode seguir desafiador, mas há clareza sobre os vetores que sustentam o crescimento. O desempenho do primeiro trimestre confirma que o setor imobiliário segue sendo uma peça-chave para a economia brasileira, com potencial de atrair investimentos e impulsionar o PIB nos próximos trimestres”, conclui Bragatto.