A neurociência comportamental estuda como o cérebro e o sistema nervoso influenciam o comportamento humano, incluindo cognição, emoções, memória, aprendizagem e motivação. O estudo integra disciplinas como psicologia, biologia, genética, farmacologia e ciência cognitiva e tem aplicações em áreas como educação, saúde, economia e gestão organizacional.
A Federação Brasileira dos Administradores (FEBRAD) aponta que a aplicação de conhecimentos da neurociência na gestão é essencial para aumentar a eficácia das equipes. De acordo com a entidade, líderes que compreendem os mecanismos cerebrais conseguem tomar decisões mais assertivas, melhorar a comunicação e gerenciar melhor o estresse, promovendo um ambiente de trabalho mais produtivo e equilibrado.
Leila Bonadeo, mestre e especialista em gestão empresarial, certificada em liderança, coach de equipes, pós-graduanda em neurociência e produtividade aplicada a negócios, diretora de Operações e Serviços da empresa de gestão e terceirização de profissionais de saúde do Grupo Maestria, enfatiza que a aplicabilidade da neurociência no exercício da gestão de equipes é uma ferramenta para o desenvolvimento de líderes mais eficazes, conscientes e empáticos.
“Com este conhecimento, é possível desenvolver autocontrole emocional, fundamental para tomar decisões mais racionais e menos impulsivas, com abertura a feedbacks e aprendizado contínuo, além de e contribuir para a compreensão de como o cérebro reage ao estresse, à pressão e às emoções intensas”, afirma a especialista.
Um levantamento da McKinsey, feito com CEOs de empresas da África, Ásia, Europa e Oriente Médio, mostra que líderes enfrentam desafios na gestão de equipes como equilibrar o desempenho individual com o coletivo, empoderar os liderados enquanto mantém o controle dos resultados e confiança para delegar responsabilidades e decisões cotidianas.
Bonadeo pontua que o trabalho em saúde envolve lidar diariamente com a frustração de outras pessoas, o que pode afetar o bem-estar emocional da equipe. Ela destaca que o estresse, a ansiedade e a síndrome de burnout estão entre as principais doenças que acometem os profissionais de saúde.
“Seja pela dor de uma doença grave ou pela perda de um paciente, em se tratando de equilíbrio emocional dos profissionais que atuam em hospitais e demais instituições de saúde, o principal desafio da liderança está em considerar a gestão das emoções diante dos resultados desejados”, comenta a profissional.
Aplicação à equipes de saúde
Para a especialista, a priorização sobre a compreensão de como o cérebro funciona e seus impactos na produtividade da equipe é uma questão de sobrevivência de toda a organização, especialmente com equipes de saúde, onde a atenção deve ser redobrada por tratar do atendimento humanizado e seguro ao paciente.
“O estudo da neurociência pode ajudar as lideranças a entenderem melhor o comportamento de suas equipes, inclusive na utilização de ferramentas que possam auxiliar a melhor administrar o consumo de energia, para que quando acionados em situações mais complexas e de urgência, haja estoque suficiente necessário para prestar um atendimento de forma eficaz e segura”, esclarece Bonadeo.
A profissional ressalta que o princípio básico da liderança emocionalmente inteligente é o reconhecimento das emoções, que contribui para uma comunicação efetiva com a equipe, e um dos principais impactos é a resiliência diante das mudanças e dos imprevistos, que auxilia a tomada de decisão de forma mais consciente e menos precipitada.
“O reconhecimento das emoções acontece através do autoconhecimento e com ajuda de ferramentas de perfil comportamental, que promovem maior engajamento e motivação em prol dos objetivos estabelecidos. Já a resiliência às mudanças e imprevistos que acontecem com frequência nos ambientes de saúde reduz os riscos de erros no direcionamento das equipes”, declara a especialista.
Para a pós-graduanda em neurociência e produtividade aplicada a negócios, ao considerar mente, emoção e desempenho, há dois atributos fundamentais que colocam uma liderança à frente no mercado e contribuem para gerar engajamento das equipes em prol dos resultados pretendidos, a liderança com verdade e autenticidade e a liderança com emoção.
“No atual contexto vulnerável das relações profissionais e corporativas, a verdade e a autenticidade se tornaram diferenciais competitivos no mercado. Estes princípios fortalecem a confiança e o engajamento em prol do propósito assumido com a instituição na prestação dos serviços de saúde”, orienta a profissional.
Bonadeo reforça que as emoções têm poder de mover as pessoas em prol de resultados positivos ou negativos, a depender de como elas são gerenciadas, e a inteligência emocional é uma das competências mais valorizadas atualmente nas organizações. Segundo ela, o líder que conseguir desenvolvê-la e praticá-la rotineiramente, fomentará a melhora do clima organizacional.
“Considerando a associação dos aspectos de mente, emoção e desempenho, a liderança exige a compreensão de como a programação do cérebro afeta as decisões e o jeito de liderar, ou seja, para onde as emoções movem o líder e para onde movem sua equipe”, conclui.
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