Atual crise de saúde mental exige liderança humanizada
Atual crise de saúde mental exige liderança humanizada

A crise da saúde mental é um fenômeno global. Aqui no Brasil, dados da Previdência Social revelam que em 2024, foram quase meio milhão de licenças médicas concedidas por transtornos mentais, o que indica um aumento de 68% em relação ao ano anterior, sendo que, as principais causas de afastamento foram transtornos de ansiedade, seguidos por episódios depressivos e por transtorno depressivo recorrente.

“Os dados da Previdência Social indicam o maior número de afastamentos por ansiedade e depressão em dez anos. E, embora a prevalência possa variar por sexo, as mulheres são desproporcionalmente mais afetadas no geral, um dado que se alinha à fotografia atual brasileira, em que, segundo dados do IBGE e FGV/IBRE, as mulheres são maioria na liderança das famílias, com 52 lares a cada grupo de 100 chefiados por mulheres”, analisa Deusa Marcon, conselheira consultiva, co-fundadora da Recíproka Estratégia – especializada em planejamento e design de estratégias ágeis dirigidas a questões complexas de negócio.

Mãe, com 25 anos de carreira e experiência em diferentes mercados, além de vivências em organizações públicas, privadas e terceiro setor, Deusa chama a atenção para os números da iniciativa Smartlab, do MPT e OIT Brasil, que indicam o dobro de incidência nos benefícios por incapacidade temporária associados à saúde mental no último biênio, com aumento de 134%. 



Apesar de alguns especialistas atribuírem a crise às "cicatrizes da pandemia", em que a sociedade precisou mergulhar em luto, estresse emocional, isolamento, insegurança financeira e o fim de ciclos pessoais, para a especialista, que atua junto das empresas em temas envolvendo diversidade e inovação, existem outros fatores influenciando o contexto da saúde mental nas empresas, o que inclui o estresse provocado pela necessidade de lideranças mais humanizadas e "concorrência" com a Inteligência Artificial. Estudo recente da NordVPN & Homework, aponta que 17% dos brasileiros temem ser substituídos pela IA em seus empregos, enquanto 27% acreditam que a tecnologia está evoluindo rápido demais.

“Mais do que nunca, é preciso mostrar às pessoas seu valor para os negócios e comunicar-se claramente, criando uma conexão capaz de impulsionar seu desenvolvimento e minar a insegurança", explica Deusa ao acrescentar que "enquanto as pessoas sentirem-se questionadas sobre seu valor e relevância no trabalho, estaremos, como sociedade e liderança, contribuindo significativamente para o aumento dos quadros de ansiedade e depressão que impactam o bem-estar mental dos times".

Para a consultora, que à frente da Recíproka implanta Jornadas de Cultura capazes de contribuir com as lideranças e equipes de RH nesse processo, não basta o discurso de que a IA vai facilitar e trabalhar junto e não contra as pessoas, é preciso tangibilizar isso em ação, com as empresas mostrando como isso pode se dar e apresentando o passo a passo para desbravar essa nova realidade.

Deusa explica que a liderança humanizada é um estilo de gestão que coloca o bem-estar, a empatia e o desenvolvimento dos colaboradores como prioridade, auxiliando na criação de um ambiente de trabalho colaborativo e engajador, que, ao mesmo tempo em que valoriza as pessoas, busca resultados sustentáveis. Esse modelo se contrapõe à gestão puramente técnica ou autoritária, focando no ser humano que está por trás da função, e não apenas enxergando-o como um recurso produtivo.

“O RH tem um papel estratégico em não apenas responder de acordo com as novas normas regulatórias, mas também em desenvolver uma liderança humanizada e capaz de acolher, escutar e trazer clareza, transformando a IA em uma ferramenta de potencialização, e não de substituição, para que os talentos sejam retidos e as culturas organizacionais se tornem mais resilientes", esclarece.

Mais em: https://www.linkedin.com/company/reciproka-estrategia/