As vendas no comércio de material de construção cresceram, em média, 4,9%, em 2024 e podem alcançar 2,5%, em 2025, de acordo com estimativa do Centro de Excelência do Varejo da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGVcev), divulgada pelo Instituto de Pesquisas da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco).
Segundo outro estudo publicado no Instituto de Pesquisa Anamaco, com base na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho e Emprego de 2022, o Brasil tem 152.960 lojas varejistas de material de construção. O número representa um aumento de 12,38% em relação ao ano anterior, com alta em todas as regiões brasileiras.
Bianka Mendonça, fundadora da empresa de comércio e distribuição de materiais de construção WM Construções, avalia que a projeção para 2025 é compatível com o comportamento do mercado, de crescimento gradual, sustentado pelo aumento do consumo em regiões urbanas e pela expansão dos micro comércios de bairro.
“Embora o crescimento não tenha sido explosivo, o setor manteve um avanço consistente, impulsionado por reformas residenciais, manutenção preventiva e pequenos reparos. Nos últimos anos, especialmente após o período pós-pandemia, o varejo de materiais de construção apresentou sinais de recuperação e estabilidade”, comenta a empresária.
Bianka Mendonça atribui o aumento no número de lojas varejistas de material de construção ao crescimento dos micro comércios de bairro. Segundo ela, esse grupo tem um modelo de operação mais simples e viável financeiramente, diferente das grandes lojas, cujo investimento inicial é alto.
“Os pequenos estabelecimentos conseguem iniciar com um estoque reduzido, focado em itens essenciais de manutenção, produtos de reposição rápida, materiais básicos de obra e ferramentas e acessórios de alto giro. Esse formato mais enxuto facilita a entrada de novos empreendedores, principalmente porque atende uma demanda constante em regiões residenciais”, explica a profissional.
A fundadora da WM Construções afirma que a popularização das compras por redes sociais ajudou muitos microempreendedores a começarem de forma mais acessível, sem depender de grandes estruturas físicas.
“Mesmo sendo um setor tradicional, o varejo de materiais de construção se mostrou altamente receptivo a novos negócios e empreendedores”, celebra.
Mudanças no segmento
A empresária destaca que, embora o setor seja um mercado historicamente tradicional, passou por mudanças significativas nos últimos anos, especialmente por conta do comportamento do consumidor, que está mais informado, compara preços, busca conveniência e exige atendimento rápido.
“Isso obrigou as empresas a adotarem práticas como digitalização do atendimento, ofertas mais personalizadas, melhoria da exposição e organização dos produtos, gestão de estoque mais eficiente, comunicação ativa via redes sociais e canais digitais”, observa a fundadora da WM Construções.
Bianka Mendonça reforça que a mudança no comportamento do consumidor impacta diretamente as estratégias das empresas do setor. “O cliente busca agilidade, então as lojas precisam garantir resposta rápida, informação clara sobre estoque, entrega simples e eficiente e atendimento mais consultivo. Isso faz com que as lojas invistam em processos mais organizados”.
Novas práticas de gestão
Para a fundadora da WM Construções, os principais desafios enfrentados ao implementar essas novas práticas de gestão dizem respeito a mudar hábitos antigos — especialmente em negócios familiares —, organizar estoque com método, manter padronização no atendimento, atualizar constantemente preços e catálogos e aprender a lidar com demanda digital.
A WM Construções tem trabalhado a inovação em processos, atendimento e tecnologia de forma contínua, com foco em estoques categorizados — para facilitar reposição e atendimento —, comunicação digital rápida com clientes, melhorias no layout da loja — para deixar os produtos mais acessíveis visualmente —, controle mais organizado de entradas e saídas e uso de ferramentas como listas de verificação e controle de produtos.
A empresa pretende avançar na profissionalização de processos, aprimorando controles, logística interna e padronização de atendimento.
“Também planejamos ampliar nossa presença digital, tornando mais acessível o processo de orçamento, comunicação e entrega ao cliente. Essas iniciativas podem posicionar a empresa para acompanhar a evolução do mercado de bairro, que hoje cresce justamente por unir agilidade, conveniência e atendimento personalizado”, conta.
Para a fundadora, o setor vive um período de transição importante, com a profissionalização dos processos, o uso inteligente de canais digitais e a busca por eficiência operacional se tornando pilares de diferenciais das empresas nos próximos anos.
A empresária acredita que pequenos varejistas que entenderam a importância de organização, agilidade e comunicação ativa têm mais chances de crescimento.
“Esse movimento é essencial para que o setor acompanhe a evolução do varejo moderno. Olhando para os próximos anos, enxergo um setor de materiais de construção cada vez mais orientado por eficiência, proximidade e inteligência operacional. Mesmo em um mercado tradicional, há oportunidades claras em três frentes: gestão estruturada, digitalização e experiência do cliente”, conclui.
O tamanho do mercado global de materiais de construção foi avaliado em US$ 1,3 bilhões em 2023 por um levantamento da Fortune Business Insights, e deve crescer de para US$ 1,8 bilhões em 2032, com uma taxa de crescimento anual de 3,9%.































