Mais de 70% das 484 companhias analisadas pelo Relatório de Transparência ESG 2024, elaborado pela Diversity, braço de consultoria da Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial, para avaliação de compromissos com equidade, mantiveram ou pioraram sua performance em relação a 2023. Do total, 68 empresas avaliadas são signatárias da Iniciativa.
O estudo, edição referente a 2024 foi lançado em maio de 2025 em parceria com a GO Associados, mostrou ainda que 46% das empresas com ações negociadas na bolsa de valores brasileira não atendem a mais de dois dos 15 critérios (ou “drivers”) sociais analisados pela pesquisa.
Natália Augusto, pesquisadora da Diversity e consultora externa da GO Associados, explica que a análise considera diversos critérios sociais divulgados publicamente pelas empresas, como políticas de promoção da equidade, indicadores de desempenho em diversidade racial e social, além de práticas relacionadas à remuneração e ao engajamento com fornecedores.
“As empresas são classificadas em grupos que vão do A ao E, conforme o número de critérios atendidos — grupo A para as que cumprem oito ou mais, e grupo E para as que não atendem a nenhum. Recentemente, a metodologia foi ampliada para incluir três novos critérios que refletem o engajamento das lideranças, bem como compromissos assumidos pelas signatárias da Iniciativa”, declara Natália.
Segundo a especialista, o principal objetivo da pesquisa é avaliar o nível do compromisso público assumido pelas empresas sob o ponto de vista social e étnico-racial, com foco nas companhias com ações na bolsa de valores brasileira. Conforme Natália, o estudo também possibilitou a comparação do desempenho dessas empresas com o das signatárias da Iniciativa.
A pesquisadora ressalta os avanços observados desde 2021, primeiro ano de referência da pesquisa. “Em 2024, cerca de 12% das empresas signatárias foram classificadas no grupo A (8 ou mais dos 15 drivers sociais atendidos), enquanto tal parcela era de 4% em 2021. Em comparação a 2021, também houve outra boa notícia: a parcela de empresas que não pontua diminuiu. Tal redução foi de 24,49% para 20,59% em 2024 para as signatárias, enquanto de 21,78% para 21,4% para as empresas listadas na B3”.
No entanto, Natália destaca que o desempenho das empresas em 2024 apresentou sinais preocupantes em relação a 2023. “Mais de 70% das empresas ou mantiveram ou pioraram sua classificação. No caso das empresas signatárias, 37% mantiveram sua pontuação, enquanto 36% pioraram. No caso das empresas listadas, 48% mantiveram, enquanto 23% pioraram. Apenas 19% em ambos os grupos melhoraram sua pontuação”, explica.
“Apesar da inclusão de novos quesitos, que em tese deveriam facilitar a pontuação, houve piora no desempenho em relação a 2023. Um avanço foi a reformulação do quesito sete, que avalia políticas de trabalho híbrido e flexibilização de jornada, com 38 empresas pontuando pela primeira vez”, declara a pesquisadora.
Desafios e avanços na promoção da equidade social
Rafael Oliveira, pesquisador da Diversity e gerente de projetos na GO Associados, observa que a piora no desempenho no último ano pode indicar um desengajamento das empresas em relação às pautas de diversidade, equidade e inclusão (DEI) e aos princípios ambientais, sociais e de governança (ESG), ainda que algumas mantenham políticas internas, apenas não as divulguem.
“O reforço ao compromisso público com as questões de DEI se mostra, mais do que nunca, fundamental para que o Brasil continue avançando na construção de um mercado de trabalho mais justo e com igualdade de oportunidades”, acrescenta o especialista.
Os resultados revelam que os critérios sociais com maior pontuação (nove e dez) tratam de canais de comunicação e/ou denúncia e detalhamento dos esforços para desenvolvimento da força de trabalho. Segundo Oliveira, um avanço importante é que cada vez mais empresas também têm disponibilizado em seus sites políticas corporativas para promoção da equidade.
Para ele, os resultados revelam a urgência de uma mudança de postura das empresas, para que continuem agindo e publicizando suas ações em prol da diversidade, equidade e inclusão, bem como dos desafios socioeconômicos enfrentados por seus colaboradores.
“Além de constituir um fator diferenciação no processo de contratação, a publicização das ações é importante para reforçar o compromisso das empresas com as pautas de DEI e princípios ESG, em um contexto de parcial desengajamento. Manter o compromisso com tais princípios neste contexto é mais do que coerência, é visão de futuro”.
O pesquisador da Diversity e gerente de projetos da GO Associados reforçou que há planos para a continuidade e expansão da análise nos próximos anos, com previsão de uma nova edição realizada ainda este ano e divulgação dos resultados em 2026.
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