Crianças e jovens querem educação, empatia e fim da fome
Crianças e jovens querem educação, empatia e fim da fome

A 5ª edição da pesquisa "3 Coisas que Eu Quero Melhorar no Mundo", realizada entre maio e setembro de 2025 pela plataforma de Educação para Gentileza e Generosidade, ouviu 419 crianças e jovens de todas as regiões do Brasil e consolidou um painel detalhado das prioridades das novas gerações. O estudo, que soma mais de duas mil entrevistas desde 2020, evidencia um aumento da consciência social entre as novas gerações.

Os resultados, analisados de forma quantitativa e qualitativa e organizados em macrocategorias (questões estruturais, emergenciais e permanentes, além de perspectivas e soluções), apontam para um olhar atento sobre as várias camadas dos problemas sociais.

No ranking geral que soma a primeira, segunda e terceira respostas, "melhorar a educação e o direito de estudar" ocupa o primeiro lugar, seguido por "acabar com a fome e a insegurança alimentar". A principal mudança em 2025 foi a ascensão do desejo por "mais empatia, compaixão e amor ao próximo" para a terceira posição, superando temas tradicionais como a desigualdade social.



Panorama regional e tendências narrativas

Embora o fim da fome seja uma urgência nacional, cada região demonstrou preocupações específicas. O Norte destacou questões ambientais; o Nordeste, economia, preconceito e racismo; o Centro-Oeste, saúde e desigualdade social; o Sul, empatia e respeito aos animais; e o Sudeste, menos guerra e violência.

A análise qualitativa identificou tendências narrativas consistentes, como a necessidade de melhorar a comunicação entre as pessoas e promover a inclusão, visão de uma nova geração antirracista e intolerante ao bullying, que não apenas identifica, mas rejeita de forma ativa essas práticas.

Um ponto de atenção foram os serviços públicos, em especial as demandas por mais saúde e mais segurança, com a percepção de que falta o básico para uma sobrevivência digna. Também a necessidade de mais cidadania e participação "para que mais pessoas possam ter acesso à igualdade e aos seus sonhos", como mencionou um dos respondentes. O acesso ao estudo completo está neste link. "Segundo a Profa. Dra. Fernanda Elouise Budag (pesquisadora, doutora em Ciências da Comunicação, professora da FECAP e POSCOM-UFSM), que trabalha na análise dos dados desde a primeira edição da pesquisa, este movimento sinaliza um amadurecimento. "As crianças trazem uma grande melhoria desejada para mais perto, inserindo-se mais na luta por mudanças efetivas. Ser mais empático é um exercício que está ao nosso alcance nas práticas diárias. Ao apontarem esse novo registro, nossas infâncias e juventudes colocam o holofote em uma possível fonte de recurso — a empatia — para a resolução de problemas concretos", analisa a pesquisadora. Ela também destaca a unanimidade do "Fim da Fome" no top 3 de todas as regiões como um indicador de urgência e o surgimento de menções inéditas sobre cidadania e preocupação com os idosos.

Conexão científica com o livro “Protagonismo Infantil e o Efeito Warm Glow

Os dados das cinco edições da pesquisa (2020-2025) serviram como base empírica para o livro "Protagonismo Infantil e o Efeito Warm Glow", da professora e escritora Marina Pechlivanis, idealizadora da Educação para Gentileza e Generosidade. A análise longitudinal revela uma ligação direta entre as constatações das crianças e jovens e os fundamentos neurocientíficos explorados na obra.

A pesquisa mostrou um crescimento notável de 111,8% nas menções categorizadas como "Perspectivas e Soluções", que atingiram seu pico em 2025 (18,84%) com a forte recorrência de palavras como "empatia", "amor", "paz" e "respeito". Esse aumento ocorreu mesmo em um contexto pós-pandêmico marcado por desafios na saúde mental, indicando uma resposta neural positiva às crises sociais.

No livro, este fenômeno é explicado pelo "efeito warm glow". Trata-se de uma sensação de prazer e recompensa gerada no cérebro com a liberação de neurotransmissores como dopamina e ocitocina durante gestos como gentileza, generosidade, solidariedade, sustentabilidade, diversidade, respeito e cidadania. Essa resposta neuroquímica proporciona uma percepção de bem-estar, descrita figurativamente como uma sensação de "coração aquecido" e de "iluminação".

Além disso, a estabilidade de temas estruturais (+133% ao longo dos anos) e a ênfase em "educação" e "respeito" demonstram que as crianças não só identificam problemas, mas propõem soluções baseadas em valores internalizados. O livro argumenta que este é o fundamento da intencionalidade coletiva, em que o protagonismo individual, aquecido pelo "warm glow", pode catalisar ações sistêmicas em redes sociais como escolas e famílias. A obra conclui que reforçar essas experiências positivas é uma forma eficiente de transformar perspectivas e construir uma memória coletiva mais solidária.

Especialistas avaliam a relevância do estudo e da obra

A fundamentação da pesquisa e as análises propostas no livro "Protagonismo Infantil e o Efeito Warm Glow" foram comentadas por acadêmicos. Prof. José Antonio Olmos (PUC-Campinas) descreve a obra como "um convite à redescoberta da humanidade presente em cada gesto de gentileza e generosidade, essencial para quem acredita que é possível educar para um mundo mais humano". Já a Profa. Dra. Camila Brasil (Editora Splendet, PUC-Campinas) ressalta que "a obra provoca uma reflexão sobre o porquê de formar cidadãos empáticos, solidários e conscientes, mostrando que isso é essencial para uma sociedade mais justa". Janaína de Azevedo Baladão (PUCRS) completa: "Ao unir neurociência, educação e sociologia, o estudo e o livro revestem o mundo de esperança, apresentando a educação para a gentileza e generosidade como um caminho reparador".

O livro em formato digital está disponível gratuitamente aqui.