Regulation Rocks debate futuro do sistema financeiro
Regulation Rocks debate futuro do sistema financeiro

Nos últimos dias 6 e 7 de agosto foi realizado, durante o Blockchain Rio, a terceira edição do Regulation Rocks, side event promovido pela Federação Nacional de Associações dos Servidores do Banco Central (Fenasbac) que trouxe debates sobre o futuro do sistema financeiro nacional.

O encontro contou com a participação de organizações reguladoras, lideranças e especialistas do setor financeiro, que discutiram pautas como moedas digitais de bancos centrais (CBDCs), uso de inteligência artificial (IA) e práticas de finanças sustentáveis. A agenda foi organizada em colaboração com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Centro de Regulação e Inovação Aplicada (CRIA).

De acordo com o diretor de inovação e estratégia da Fenasbac, Rodrigoh Henriques, o Regulation Rocks sempre buscou promover discussões construtivas e, nessa terceira edição, trouxe avanços ao estreitar laços com diferentes órgãos reguladores, ao unir dois universos que, por muito tempo, caminharam em paralelo: a inovação de mercado e o desenvolvimento regulatório.



“No Regulation Rocks, eles não só se encontram, mas definem quais serão os caminhos de futuro do mercado financeiro”, acrescenta.

Ainda segundo o especialista, cinco temas ganharam destaque durante os dois dias do evento, sendo eles:

  • Moedas Digitais: O papel, a complementaridade e a regulação CBDCs, como o Drex e stablecoins;
  • Inteligência Artificial: A criação de marcos regulatórios para a IA que incentivem a inovação no setor financeiro, ao mesmo tempo em que mitiguem riscos sistêmicos;
  • Finanças Verdes: Os desafios para a criação de uma regulação global e local para as finanças sustentáveis e mercado de carbono;
  • Inovação Regulatória: O uso de laboratórios de inovação e sandboxes, como os programas LEAP e NEXUS, para testar e moldar o futuro do setor;
  • Mercado de Capitais: A aplicação de novas tecnologias, como o blockchain, e o impacto das definições recentes na transformação do setor.

 Finanças digitais

O primeiro dia trouxe debates sobre o impacto das CBDCs, das stablecoins e das mudanças impulsionadas pela IA no sistema financeiro, em uma conversa entre Daniel Mangabeira (Circle) e Fabio Araujo (BC), mediada por Rodrigoh Henriques, que abordou as diferenças e complementaridades dessas tecnologias. O profissional também mediou a palestra da coordenadora Clarissa Souza (BC) sobre o Projeto Drex, explorando seu passado, presente e perspectivas.

Outro ponto relevante foi a mesa sobre regulação e inovação da IA no setor financeiro, com representantes do Banco Central, da CVM e do Nubank, que discutiram como estabelecer marcos regulatórios capazes de incentivar a inovação sem comprometer a segurança do sistema.

A programação também contou com um painel sobre os laboratórios de inovação financeira, destacando o papel dos sandboxes e hubs de teste na construção do futuro regulatório. O dia se encerrou com um debate sobre o desafio da regulação global das finanças verdes, conduzido por Thiago Pietschmann, líder de parcerias estratégicas da Fenasbac.

De acordo com ele, sustentabilidade e finanças não podem mais ser pautas paralelas. “A regulação precisa criar incentivos reais para que capital e impacto positivo andem de mãos dadas. Podemos ser referência no tema, mas só se unirmos coerência regulatória global e local, além de coragem para inovar”, afirma.

Inovação regulatória

O segundo e último dia contou com a entrada oficial do CRIA no palco do Regulation Rocks, com a CVM conduzindo as conversas. Alexandre Pinheiro dos Santos, superintendente geral da autarquia, abriu a programação reforçando a importância da inovação regulatória como base da competitividade para o mercado de capitais.

A CVM apresentou, por meio do CRIA, iniciativas que aproximam supervisão e mercado, enquanto Rodrigoh Henriques e Antonio Berwanger (CVM) participaram de uma mesa sobre os projetos NEXUS e LEAP, moderada por Danielle Teixeira, líder de inovação aberta na Fenasbac.

Também foram explorados casos de uso do blockchain em mercados multi-depositários e, na LEAP Session, apresentados projetos que vão desde plataformas de IA para automação regulatória, até soluções ligadas a créditos de carbono e crowdfunding.

A programação contou ainda com um painel sobre os impactos das regulações recentes, mediado por Danielle, que destacou a necessidade do arcabouço regulatório acompanhar o ritmo das inovações tecnológicas. O dia se encerrou com Claudio Maes, Raphael Acácio e Eduarda Paixão (CVM), que trouxeram perspectivas sobre tendências que devem moldar os próximos anos.

Perspectivas

Para o diretor de inovação e estratégia da Fenasbac, os temas de Open Finance e IA ganharam destaque, pois foram discutidos de forma estratégica e aprofundada, com painéis que destacaram desde a implementação prática até os desafios regulatórios e as tendências futuras.

“Especialistas enfatizaram a importância da integração de dados no Open Finance para ampliar a inclusão financeira e personalizar serviços, enquanto a IA foi apontada como ferramenta essencial para otimizar a supervisão regulatória, detectar fraudes e automatizar processos, sempre com atenção aos aspectos éticos e de segurança. A programação refletiu a maturidade do ecossistema e a necessidade de colaboração contínua entre entidades públicas e privadas para impulsionar a inovação responsável”, detalha.

Já a moderadora Danielle Teixeira, afirma que, hoje, as discussões de setor financeiro e mercado de capitais convergem em muitos aspectos, principalmente no contexto da criação de infraestruturas em blockchain, que facilitam a interoperabilidade.

“Foi muito importante poder trazer a CVM para a conversa dentro do Regulation Rocks, e discutir as novas regulamentações, seus impactos e oportunidades para o mercado, além de poder compartilhar com todos mais sobre os projetos selecionados para a primeira edição do programa LEAP, fruto da nossa parceria”, concluiu a líder de inovação aberta na Fenasbac.

Para mais informações, basta acessar: https://rr.fenasbac.io