O termo "rosto de Ozempic" tem sido utilizado para descrever alterações faciais observadas em usuários da semaglutida, medicamento originalmente indicado para o tratamento do diabetes tipo 2, que teve seu uso ampliado em programas de perda de peso, o que levou ao aumento de relatos de perda acelerada de gordura facial e flacidez, especialmente entre indivíduos jovens.
Segundo o Dr. Leandro H. Oshiro, cirurgião plástico e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), o fenômeno ganhou relevância à medida que o medicamento passou a ser utilizado fora do contexto metabólico. "O Ozempic face, ou rosto de Ozempic, trata-se de um efeito colateral estético que tem repercutido mundialmente entre os usuários do medicamento. A perda de gordura no rosto, quando ocorre em pouco tempo, provoca alterações estruturais importantes e pode resultar em flacidez acentuada, independentemente da idade".
Mecanismo de ação da semaglutida
O cirurgião explica que a semaglutida é um análogo do hormônio GLP-1, que regula processos como secreção de insulina, liberação de glucagon, esvaziamento gástrico e controle do apetite. A medicação é administrada por via subcutânea, geralmente uma vez por semana. "O medicamento atua em múltiplas frentes metabólicas, reduzindo a fome, prolongando a saciedade e contribuindo para a perda ponderal. A redução rápida do peso, porém, não diferencia regiões corporais e atinge também áreas de gordura essenciais para a sustentação facial".
Motivos das alterações faciais
A perda de volume facial condicionada pela semaglutida deriva da redução de gordura subcutânea em regiões importantes para o contorno harmonioso da face. A diminuição abrupta desse tecido pode resultar em flacidez, desproporção entre segmentos faciais e aspecto envelhecido, pontua o cirurgião.
Mesmo indivíduos jovens podem apresentar essas alterações. De acordo com o Dr. Leandro H. Oshiro: "A redistribuição de gordura não respeita barreiras etárias. Quando a perda ocorre de maneira acelerada, o rosto perde sustentação, podendo surgir rugas e irregularidades que normalmente aparecem apenas em faixas etárias mais avançadas".
Tipos de tratamentos
Quando as alterações são leves, diferentes métodos minimamente invasivos são descritos como opções terapêuticas. O cirurgião explica cada uma delas:
- Bioestimuladores de colágeno: substâncias como ácido polilático e hidroxiapatita de cálcio estimulam a produção de colágeno e contribuem para melhorar firmeza e elasticidade.
- Preenchimento com ácido hialurônico: auxilia na restauração do volume perdido em áreas específicas, como região malar e sulcos profundos.
- Ultrassom microfocado: equipamentos utilizados para induzir neocolagênese nas camadas profundas da pele, com impacto gradual sobre a firmeza.
"O Dr. Leandro Oshiro completa dizendo que "as técnicas não cirúrgicas têm papel importante nos casos iniciais, quando o objetivo é recuperar volumes moderados e melhorar a sustentação sem intervenções mais invasivas".
Nos quadros mais acentuados, o cirurgião destaca os procedimentos mais indicados:
- Lifting facial (ritidoplastia): visa reposicionar tecidos profundos e remover excesso de pele, restabelecendo o contorno facial.
- Lifting cervical (neck lift): aborda flacidez do pescoço e da região mandibular, frequentemente associada à perda de peso rápida.
- Lipoenxertia facial: utiliza gordura autóloga purificada para restaurar volume em áreas como bochechas, têmporas e queixo.
"Nos casos de flacidez avançada, as cirurgias plásticas continuam sendo as opções com maior previsibilidade de resultado e maior durabilidade, principalmente quando há necessidade de reposicionar estruturas profundas", explica o cirurgião.
Durabilidade dos tratamentos
Segundo o cirurgião, entre as abordagens não cirúrgicas, bioestimuladores tendem a oferecer os resultados mais prolongados, podendo durar até dois anos. Procedimentos cirúrgicos, como lifting facial, neck lift e lipoenxertia, apresentam resultados mais duradouros, condicionados à estabilidade do peso e a cuidados pós-operatórios adequados.
O cirurgião plástico finaliza ressaltando que o fenômeno conhecido como "rosto de Ozempic" tem sido cada vez mais observado em usuários que apresentam perda ponderal acelerada e, diante disso, a identificação precoce das alterações e o acompanhamento profissional são estratégias relevantes para minimizar o impacto estético.































