Taxação dos EUA leva empresas a revisar estratégias
Taxação dos EUA leva empresas a revisar estratégias

Desde 6 de agosto, estão em vigor as tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos a parte dos produtos brasileiros exportados para a nação norte-americana. Itens como café, frutas, pescado e carne bovina são alguns dos alvos da taxação. Por outro lado, cerca de 700 produtos ficaram isentos da nova cobrança, incluindo aviões, suco de laranja e combustíveis.

A situação acendeu o alerta em muitos negócios com operações financeiras e investimentos nos Estados Unidos. Os empresários passaram a enfrentar um cenário de redução de margens, incerteza cambial, riscos à competitividade e ao fluxo de caixa, explica Francisco Broering Gomes. Ele é CEO da Fairfield Proteção e Inteligência Financeira, empresa especializada em gerenciamento de riscos, incluindo soluções de seguro de crédito, hedge cambial, trade finance e investimentos internacionais.

“O agronegócio brasileiro é o setor mais atingido neste momento, com impacto em exportações e empregos. A indústria sofre em menor escala (com exceção de nichos como o aeronáutico), e a tecnologia ainda não foi diretamente afetada, mas permanece em risco”, diz.



“No caso da indústria da pesca, por exemplo, as exportações ficaram praticamente inviáveis, levando o setor a pedir apoio financeiro emergencial. Mesmo empresas como a Embraer, que conseguiram isenções parciais, ainda sofrem com custos adicionais, o que afeta o planejamento de médio prazo”, complementa Broering Gomes.

Diante desse cenário, companhias têm buscado, além do apoio governamental, alternativas como isenções técnicas e diversificação de mercados, explica o CEO. Na avaliação que o executivo faz do mercado, a volatilidade nas relações comerciais pressiona decisões de investimento e reforça a necessidade de revisar estruturas financeiras e estratégias operacionais.

“Para empresas brasileiras com exposição ao mercado americano, a prioridade agora é proteger sua receita externa, garantir acesso a crédito e repensar sua presença nos Estados Unidos em meio a um ambiente cada vez mais imprevisível”, pontua o especialista.

A diversificação de mercados tem sido buscada como forma de reduzir a dependência do comércio com os norte-americanos. Segundo o CEO, entre as opções de empresários e investidores, estão destinos como União Europeia, China e países do Mercosul.

Ele menciona que Vietnã, Malásia, Tailândia e Índia passaram a ser mercados bastante atrativos. “Na América Latina, economias menos integradas ao comércio norte-americano, como a Argentina, também têm ganhado atenção”, afirma.

“A China, mesmo sendo alvo direto das tarifas, tem impulsionado sua recuperação com estímulos domésticos, o que também pode beneficiar parceiros comerciais e investidores posicionados na região”, avalia.

Outro passo estratégico possível é buscar atuação diplomática e jurídica — visando isenções ou contestação das tarifas em órgãos internacionais. Essa opção tem se mostrado eficaz, como no caso da Embraer, afirma Broering Gomes, referindo-se ao fato de itens aeronáuticos terem ficado isentos da nova taxação.

“Além disso, é fundamental reforçar a gestão financeira, com ajustes em operações cambiais, renegociação de contratos e proteção de margens. Empresas podem ainda investir na adaptação de portfólio, oferecendo produtos com maior valor agregado ou com certificações sustentáveis, para conquistar mercados mais exigentes mesmo sob tarifas. Essas ações combinadas aumentam a resiliência e a competitividade internacional”, diz o profissional.

Fairfield atenta à nova regulamentação

Para ilustrar a situação na prática, o executivo usa a empresa da qual é CEO como exemplo. Segundo Francisco Broering Gomes, a Fairfield já está revisando estratégias financeiras e propondo modelos de estruturação e desenvolvimentos de novos mercados para seus clientes, especialmente em resposta às novas tarifas impostas pelos EUA.

“Temos reforçado o uso de instrumentos como hedge cambial e proteção de recebíveis, buscando garantir maior previsibilidade nas operações. Com foco na gestão contínua de riscos, a empresa tem como objetivo antecipar tendências e adaptar estratégias comerciais e financeiras, ajudando os clientes a tomar decisões mais assertivas em tempos de instabilidade econômica e volatilidade nos mercados globais”, exemplifica.

O especialista, por outro lado, faz o alerta de que as tarifas trazem implicações adicionais em termos de compliance para empresas brasileiras que mantêm operações financeiras no exterior. O motivo é que a situação exige maior atenção a regras de preços de transferência, rastreabilidade de transações e documentação fiscal.

“O ambiente regulatório mais rigoroso demanda reforço nos controles internos, adaptação a normas internacionais e acompanhamento constante de possíveis sanções ou restrições comerciais. Essas mudanças exigem atualização das políticas de governança e treinamento contínuo das equipes para evitar riscos legais e operacionais”, ressalta.

Para saber mais, basta acessar o site da Fairfield Proteção e Inteligência Financeira: https://www.fairfield.com.br/