RH estratégico busca assumir papel nas decisões do negócio
RH estratégico busca assumir papel nas decisões do negócio

De acordo com o Relatório Tendências de Gestão de Pessoas 2024, elaborado pela Great Place to Work® Brasil em parceria com o Ecossistema Great People, 1.864 profissionais de diversas organizações brasileiras foram ouvidos entre dezembro de 2023 e janeiro de 2024, para mapear prioridades e desafios da área de pessoas. As principais prioridades identificadas incluem: desenvolvimento e capacitação da liderança; fortalecimento da cultura organizacional; engajamento das pessoas; comunicação interna; saúde mental; experiência do colaborador; além de digitalização de processos e ferramentas de RH, transformação digital, diversidade & inclusão, ESG e aplicação de People Analytics. O estudo revela, portanto, que a gestão de pessoas não é mais um tema apenas operacional, mas assume papel central na estratégia dos negócios — uma tendência que alinha diretamente com o trabalho de assessoria e posicionamento corporativo de marca.

Entretanto, o nível de maturidade dos processos organizacionais impacta diretamente a capacidade do RH de atuar de forma estratégica — e, atualmente, muitas empresas ainda não atingem o estágio mais avançado. Pesquisas de mercado indicam que menos de 10% das empresas brasileiras alcançaram o chamado RH preditivo, que trabalha com base em análises e projeções, e não apenas de forma reativa (link para estudo completo).

"A falta de investimento é um dos principais entraves para essa evolução. Não há como gerar maturidade sem investir em especialistas e na transformação cultural necessária. Essa mudança precisa partir da alta direção: se a lideranção não enxerga o RH como área estratégica e não destina recursos e processos adequados, é difícil avançar nesse sentido", afirma Ilana Mendes, especialista em gestão de pessoas e consultora de RH estratégico da Benner.



Por que buscar eficiência?

Buscar eficiência significa automatizar tarefas repetitivas e simplificar rotinas operacionais, reduzindo o tempo dedicado à compilação e à validação de dados — etapas que costumam consumir boa parte dos recursos em empresas com grandes equipes. Ao incorporar tecnologia a esses processos, o RH ganha espaço para atuar de forma mais analítica e estratégica, voltada a decisões que agregam valor ao negócio.

À medida que a empresa cresce, a adoção de tecnologia torna-se essencial para sustentar a eficiência operacional. A automatização ajuda a conter o aumento do quadro de pessoal e direciona os profissionais para atividades de maior valor, como o planejamento e a gestão de talentos. Uma pesquisa da Deloitte sobre automação em RH indica que, com o apoio de soluções digitais, processos como folha de pagamento, controle de ponto e administração de benefícios passam a ser executados de forma mais ágil e confiável.

O avanço na digitalização das rotinas de gestão de pessoas também foi impulsionado por medidas do governo que unificaram bases de dados antes fragmentadas — como as da Caixa Econômica, Receita Federal e INSS — e tornaram obrigatória a utilização do eSocial para o cumprimento das novas exigências legais e de compliance.

Transformação digital e a nova experiência do colaborador

Entre os fatores decisivos para a eficiência organizacional está a experiência do colaborador, que depende de acesso simples às informações, segurança quanto à precisão dos dados e confiança nos processos internos. Esse conjunto de condições influencia diretamente a motivação e a produtividade. Pesquisas da Right Management indicam que profissionais engajados podem alcançar níveis de desempenho até 50% superiores.

"A relação entre tecnologia e gestão de pessoas costuma ser mal interpretada quando se assume que a automatização reduz o contato humano. Na prática, ao assumir tarefas operacionais, as ferramentas digitais liberam tempo e energia do RH para atividades de maior valor, como o fortalecimento das interações, o acompanhamento de desempenho e o investimento em educação corporativa e cultura organizacional. Dessa forma, a tecnologia atua como suporte para práticas mais humanas e relações de trabalho mais próximas", explica Ilana Mendes, consultora de RH estratégico da Benner.

Ainda assim, é comum que empresas tentem automatizar processos que ainda não foram devidamente estruturados. Nenhuma ferramenta entrega bons resultados sem que o fluxo de trabalho esteja claro e bem definido. Também é frequente direcionar investimentos para áreas de baixo impacto, enquanto se negligenciam aquelas que realmente influenciam o desempenho do negócio. Estudos de mercado reforçam que, quanto maior o impacto esperado da transformação digital, maior deve ser o rigor na escolha da tecnologia adequada e no planejamento de sua implementação (link para estudo completo).

Futuro e tendências do RH estratégico

"Nos próximos anos, a inteligência artificial deve ganhar espaço consistente nas rotinas de gestão de pessoas, à medida que as empresas avançam na compreensão de seu uso prático", diz Ilana Mendes, consultora de RH estratégico da Benner. "Paralelamente, devem se fortalecer os processos de recrutamento que valorizam aspectos de cultura e alinhamento organizacional, além do foco contínuo na experiência do colaborador", completa.

"O papel do profissional dentro das organizações tem se tornado mais ativo e participativo, reflexo de mudanças culturais e legais que ampliaram a responsabilidade das empresas na construção de ambientes de trabalho éticos e colaborativos. Ao mesmo tempo, o cuidado com a saúde física e mental ganha espaço nas políticas de gestão de pessoas e se consolida como um dos pilares do RH estratégico, independentemente do porte ou do segmento da empresa", finaliza Ilana Mendes, consultora de RH estratégico da Benner.