Em 22 de julho comemora-se o Dia Mundial do Cérebro. Criada pela Federação Mundial de Neurologia (FMN), a data tem como objetivo conscientizar sobre a importância da saúde cerebral e os distúrbios neurológicos, além de promover ações de prevenção e tratamento.

Um estudo da We Are Social e Meltwater concluiu que os brasileiros passam, em média, 9 horas e 13 minutos por dia em aplicativos de mensagens, fotos e vídeos. O país fica apenas alguns minutos atrás da África do Sul (9 horas e 24 minutos), que lidera o ranking. Segundo Erica Oliveira, gestora pedagógica e franqueada do Supera, “para lidarmos com tanta exposição, é importante compreender que a tecnologia não é, por si só, nem vilã nem heroína, o impacto depende de como a utilizamos. O uso das redes sociais ativa o sistema de recompensa do cérebro, liberando dopamina — o neurotransmissor do prazer”, explica.

Ainda de acordo com Erica, curtidas, comentários e notificações nas redes sociais funcionam como pequenos “prêmios”, criando um ciclo de reforço comportamental. “Você publica uma foto e começa a checar o celular a cada minuto. Cada curtida gera uma pequena dose de prazer. Com o tempo, o cérebro se acostuma e passa a desejar estímulos mais frequentes. Isso gera consequências, como redução da atenção, baixa autoestima, ansiedade e medo de exclusão social. É importante lembrar que é preciso estabelecer horários fixos para redes sociais e experimentar apps de meditação e treino cognitivo”, ressalta.



O Brasil está acima da média mundial no uso de inteligência artificial (IA) generativa. De acordo com uma pesquisa global realizada pelo Google em parceria com a Ipsos, 54% dos brasileiros declararam ter utilizado ferramentas desse tipo em 2024, enquanto a média global foi de 48%. Para a gestora pedagógica, a IA pode facilitar tarefas complexas, como escrever textos, organizar ideias ou resolver problemas. “Mas, se usada em excesso, pode substituir o esforço cognitivo e reduzir a plasticidade cerebral. As consequências são: menor ativação do córtex pré-frontal, raciocínio mais automático e memória fraca. Use IA como apoio, mas estruture e execute tarefas com seu próprio raciocínio. Escreva à mão, leia livros, evitando resumos prontos”, salienta.

Uma pesquisa feita pela TIC Domicílios 2024, apontou que o acesso à internet em residências brasileiras saltou de 13% para 85% em 20 anos. O levantamento mostrou que 159 milhões de pessoas acessaram a internet no Brasil em 2024, o que equivale a 84% da população. Para Erica Oliveira, viver conectado o tempo todo gera sobrecarga sensorial e cognitiva. O cérebro humano precisa de pausas para consolidar memórias e processar informações. “Você acorda com notificações, almoça vendo vídeos, trabalha respondendo e-mails e dorme rolando o feed. Isso traz insônia, exaustão mental, memória fraca e ansiedade. É interessante realizar pausas conscientes, praticar o ócio criativo e caminhar sem celular”, afirma.

Para finalizar, Erica Oliveira alerta que a tecnologia pode ser uma poderosa aliada nas tarefas do dia a dia, desde que usada de forma consciente. “Usá-la com intenção, estabelecendo limites e cultivando pausas são atitudes que mantêm o cérebro saudável na era digital. É fundamental que não adotemos como prática a transferência das nossas decisões, da nossa capacidade criativa e de pensar logicamente sobre alguma coisa para os dispositivos digitais”.