Educação financeira é o processo de aprender a ganhar, administrar, investir e gastar dinheiro com consciência, segundo o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Esse conhecimento permite tomar decisões alinhadas ao orçamento e aos objetivos de cada fase da vida. Ao entender como gerenciar os próprios recursos, é possível evitar dívidas, se preparar para imprevistos e alcançar metas com mais segurança.

Um projeto de lei (PL) propõe tornar obrigatória a educação financeira na educação básica. Segundo o autor da proposta, senador Nelsinho Trad (PSD-MS), a medida é necessária para preparar os estudantes para os desafios econômicos atuais, diante do aumento do endividamento das famílias, da influência das redes sociais no consumo e da presença ainda limitada do tema nas escolas.

Bruna Elias, diretora pedagógica do Colégio Bilíngue Brasil Canadá, explica que a infância é um período crucial para a formação de valores, hábitos e atitudes, e defende que a educação financeira comece nessa fase, e não apenas no ensino médio ou na vida adulta.



“Ao introduzir a educação financeira desde os primeiros anos, ajudamos as crianças a desenvolverem uma relação saudável com o dinheiro, compreendendo desde cedo conceitos como planejamento, poupança e consumo consciente. Quanto mais cedo o aprendizado, mais natural se torna lidar com escolhas financeiras de forma responsável”, afirma a especialista.

A profissional esclarece que os principais benefícios de introduzir noções de finanças nos primeiros anos da educação básica incluem o desenvolvimento da responsabilidade, do autocontrole, do raciocínio lógico, da tomada de decisões e do pensamento crítico.

“As crianças aprendem a diferenciar desejos de necessidades, a entender o valor do trabalho e a importância de guardar para realizar sonhos. Isso contribui para a formação de cidadãos mais conscientes e preparados para lidar com os desafios da vida adulta”, detalha Elias.

Em maio, a 12ª edição da Semana Nacional de Educação Financeira (Semana Enef) abordou a educação financeira para crianças e jovens. Organizada pelo Fórum Brasileiro de Educação Financeira (FBEF), a iniciativa reuniu instituições públicas, privadas e da comunidade escolar para promover conhecimentos e estimular decisões financeiras responsáveis desde a infância.

O FBEF é uma rede colaborativa de instituições públicas e privadas que mobiliza e divulga ações de educação financeira para a implementação da Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef). A Enef é uma iniciativa do governo federal para promover a educação financeira e previdenciária, com o objetivo de fortalecer a inclusão social e a cidadania.

Educação financeira integrada à proposta pedagógica

Um estudo do Banco Mundial, que analisou um projeto piloto em escolas públicas de ensino médio, concluiu que a educação financeira aumentou a poupança dos jovens em 1%, levou 21% a listarem gastos e 4% a negociarem preços. O tema passou a ser discutido em família, influenciando decisões de consumo. O relatório também concluiu que o impacto pode contribuir para o crescimento de 1% do PIB.

A diretora pedagógica do Colégio Brasil Canadá revela que a instituição introduz a educação financeira desde os primeiros anos por meio de atividades lúdicas integradas a outras disciplinas, como matemática e ética. Segundo ela, jogos, histórias, feiras e simulações de compras são adaptados à idade dos alunos para facilitar o aprendizado.

Elias pontua que, a partir do segundo ano do Ensino Fundamental, a educação financeira passa a integrar a matriz curricular como disciplina específica, com aulas dedicadas ao desenvolvimento de competências práticas, como planejamento, consumo consciente e gestão de recursos.

“Com a disciplina formal, os conteúdos são abordados de forma sistemática, valorizando a prática e a interdisciplinaridade. A proposta busca incentivar o protagonismo dos estudantes, preparando-os para tomar decisões conscientes e lidar com situações financeiras reais de forma responsável”, declara a profissional.

Segundo a especialista, a educação financeira contribui para o desenvolvimento do senso de responsabilidade e da capacidade de planejar e decidir com base em consequências, habilidades que são trabalhadas em sala de aula a partir de atividades lúdicas como negociações com moedas, por exemplo.

“Essas competências são desenvolvidas à medida que os alunos vivenciam experiências em que precisam fazer escolhas, administrar recursos, organizar um orçamento ou planejar pequenas metas. Nosso objetivo é estimular a autonomia e o pensamento crítico através de propostas que envolvem resolução de problemas, definição de prioridades e trabalho em grupo”, conta Elias.

Educação financeira como ferramenta para a cidadania

De acordo com a profissional, a educação financeira é naturalmente interdisciplinar e dialoga com matemática, ética e cidadania. Segundo ela, no Colégio Brasil Canadá, a integração ocorre por meio de projetos temáticos, atividades diárias e discussões em sala que conectam os conteúdos às experiências reais dos alunos.

“Além dos conceitos como adição, subtração, porcentagens e planejamento orçamentário, em ética e cidadania discutimos consumo consciente, impacto das escolhas no coletivo e solidariedade. O aluno passa a entender melhor o valor do trabalho, o consumo sustentável e as relações econômicas que o cercam, tornando-se cidadão consciente e agente de transformação social”, comenta a especialista.

Conforme ressalta a diretora pedagógica do Colégio Brasil Canadá, o objetivo da escola é oferecer uma base sólida para que crianças desenvolvam hábitos saudáveis em relação ao consumo, planejem seu futuro e tenham uma visão crítica sobre o mundo econômico, além de incentivar o protagonismo infantil como agentes ativos na construção de um futuro melhor.

Pra mais informações, basta acessar: colegiobrasilcanada.com.br/