Entre janeiro e março de 2025, 8% dos participantes do Programa Fumo Zero da Amil largaram o cigarro, enquanto 12,5% reduziram o consumo diário de 10 para cinco cigarros por dia. No mesmo período do ano passado, os índices foram de 4,5% e 16,6%, respectivamente. A expectativa da equipe médica é de que, até o fim do ano, os resultados possam igualar ou até superar os alcançados em 2024, no qual se registrou 18% de interrupção total.

Segundo a coordenadora do Programa, Alessandra Tonetti, a taxa de sucesso está relacionada à maior adesão dos pacientes, ao engajamento dos próprios beneficiários em permanecer no tratamento e ao envolvimento direto das equipes de saúde das unidades, que fazem o primeiro acolhimento e acompanhamento dos fumantes desde o início do processo até o abandono completo do tabagismo.

“Parar de fumar não é uma tarefa simples. Além da dependência física e emocional, há uma série de desafios que o paciente enfrenta ao longo do processo. Por isso, o apoio próximo dos profissionais de saúde é fundamental”, complementa Alessandra.



Programa Fumo Zero

Voltado a pacientes com mais de 18 anos que desejam parar de fumar ou reduzir o consumo diário, o programa Fumo Zero atende usuários de cigarro, vape, cachimbo, narguilé e cigarro de palha desde 2018 com uma média de atendimento de 160 beneficiários por ano. O ingresso no programa ocorre por encaminhamento médico ou iniciativa do próprio paciente, com agendamento pelo aplicativo da operadora.

Em 2025, o programa passou a oferecer o teleatendimento e expandiu sua cobertura para todo o território nacional, ampliando o acesso e fortalecendo a capilaridade da linha de cuidado.

Já na primeira consulta, o paciente passa por uma anamnese clínica detalhada e responde ao Teste de Fagerström, que avalia o grau de dependência à nicotina. “Conhecer o contexto de vida, como a rotina, hábitos e o histórico de saúde do paciente, bem como possíveis diagnósticos relacionados ao tabagismo, nos permite oferecer um plano de cuidado individualizado, aumentando as chances de sucesso no tratamento”, afirma Raphael Tadashi Kaneko, diretor médico da Rede Total Care, do Grupo Amil.

O acompanhamento combina técnicas cognitivo-comportamentais com o suporte de médicos, psicólogos e enfermeiros. O tratamento é realizado presencialmente ou via telemedicina ao longo de um ano, sendo os dois primeiros meses mais intensivos e os demais de manutenção.

Quando indicado, o tratamento também inclui medicamentos. “Em conjunto com a terapia cognitivo-comportamental, pode-se utilizar a bupropiona, que atua diretamente no sistema nervoso central, e terapias de reposição de nicotina, como adesivos e gomas de mascar que ajudam a reduzir a vontade de fumar e os sintomas da abstinência. Essas ferramentas podem ser usadas de forma isolada ou associadas, a depender do perfil clínico de cada paciente e da presença de outras condições de saúde”, explica a pneumologista Tania Pereira Ignacio, do Hospital Carlos Chagas, da Rede Total Care em São Paulo.

A especialista destaca que o tabagismo é causador de doenças potencialmente evitáveis, como a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), que inclui enfisema pulmonar e bronquite tabágica, e o câncer de pulmão; além da piora dos quadros de rinite, sinusites e tosse crônica. “Vale lembrar o aumento recente do uso do cigarro eletrônico pela população mais jovem, o que é preocupante. Por isso, os programas de incentivo à cessação do hábito de fumar são tão importantes”.