O segmento turístico voltado ao público acima de 60 anos consolida-se como uma força significativa na economia nacional e internacional. Observa-se que este grupo, além de numeroso, demonstra uma crescente disposição para viajar, consumir e buscar experiências personalizadas e acolhedoras. A ascensão deste perfil de viajante, frequentemente denominado Turismo Prateado, revela-se como um novo eixo estratégico para o setor. Conforme declara Ana Carolina Kuwabara, idealizadora e diretora do Fórum de Turismo 60+, “O futuro do Turismo é maduro, e esse futuro é agora”, destacando a capacidade e o desejo desse público em explorar o mundo.
As projeções demográficas reforçam a relevância do público 60+. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que, até 2030, o Brasil terá mais de 41 milhões de idosos, superando o número de crianças e representando cerca de 25% da população nacional. O censo demográfico de 2022 do IBGE já apontava 32,1 milhões de brasileiros com 60 anos ou mais, correspondendo a 15,8% da população total. A expectativa para 2050 é que este número alcance 66,5 milhões, ou 29,3% dos brasileiros. Globalmente, a “economia prateada” (silver economy) movimenta anualmente aproximadamente US$ 15 trilhões, configurando-se como a terceira maior atividade econômica do mundo. No Brasil, esse montante chega a impressionantes R$ 1,6 trilhão. Esse crescimento demográfico, impulsionado pelo aumento da longevidade e pela queda da taxa de natalidade, representa não apenas um desafio, mas uma oportunidade robusta para o setor econômico. O Estado de São Paulo, por exemplo, concentra 59% das empresas dedicadas à economia prateada.
Diante deste cenário, o setor turístico demonstra uma adaptação progressiva para atender às demandas específicas dos viajantes 60+. A diretora do Fórum, Ana Carolina Kuwabara, enfatiza a necessidade de “adaptar nossos serviços, ouvir esse público e entender que turismo é acolhimento”. Profissionais do setor, como agentes de viagens e hoteleiros, buscam capacitação para oferecer experiências personalizadas, seguras e memoráveis, valorizando o conforto e a hospitalidade. O Secretário de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo, Roberto de Lucena, reconhece o papel do governo na valorização do turismo da maturidade, observando que o público 60+ “eleva o padrão de exigência, e com isso, nos força a melhorar a oferta turística dos municípios paulistas”. Dados do perfil do turista 60+ indicam que eles viajam com frequência para destinos nacionais e internacionais, com foco em natureza, cultura e gastronomia. Priorizam o conforto, especialmente na hospedagem, e mantêm um vínculo de confiança com agentes de viagem para a aquisição de passagens.
Uma tendência notável no turismo sênior é a preferência por viagens fora da alta temporada, o que proporciona mais tranquilidade nas visitas e hospedagens. Esta preferência alinha-se com iniciativas governamentais, como o programa “Conheça o Brasil: Voando” do Ministério do Turismo, que visa promover viagens domésticas econômicas, seguras e confortáveis, especialmente em períodos de menor movimento, beneficiando diretamente o público da terceira idade que busca locais mais calmos. Para fomentar a recepção adequada deste público, o Ministério do Turismo disponibiliza a cartilha “Dicas para atender bem turistas idosos”, com orientações sobre tratamento humanizado e a necessidade de infraestrutura segura e acessível, incluindo pisos antiderrapantes, rampas e barras de apoio.
Exemplificando a adaptação do mercado, o Villagio Embu Resort & Convention, “situado em Embu das Artes, a poucos minutos da capital paulista, oferece um ambiente que combina a tranquilidade e o clima agradável do campo com opções de lazer para todas as idades. A localização em Embu das Artes, uma cidade reconhecida por sua tradição artística e proximidade com São Paulo, torna-a um destino atrativo para este público, que busca conveniência e experiências culturais”, diz Nádia Pacheco, do Marketing do Hotel.
O crescimento do turismo sênior, transcende o aspecto econômico, atuando como um vetor para a promoção da saúde, inclusão e bem-estar, reforçando que “nunca é tarde demais para colocar o pé na estrada”, Lívia Albernaz, Assessoria de Comunicação do Ministério do Turismo.