Expansão solar impulsiona conservação do solo no país
A energia solar fotovoltaica é uma das fontes de geração de eletricidade em expansão no Brasil, sendo aplicada como um recurso para a matriz energética e para o uso da superfície terrestre. O tema da conservação do solo, um recurso fundamental para as atividades biológicas e produtivas, é colocado em discussão no Dia Mundial do Solo (5 de dezembro) em conjunto com a expansão de tecnologias de energia renovável.
O segmento de micro e minigeração distribuída (MMGD), em que os painéis solares são instalados em unidades consumidoras, tem demonstrado crescimento. O Brasil contabilizou mais de 3,33 milhões de sistemas de Geração Distribuída (GD) conectados à rede, conforme dados atualizados da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). A instalação destes sistemas, quando realizada em estruturas pré-existentes como telhados e fachadas, aproveita o espaço urbano sem demandar novas áreas. "Quando instalamos painéis solares em telhados, galpões ou terrenos que já não são usados para agricultura, por exemplo, estamos aproveitando melhor o espaço sem precisar desmatar ou danificar o meio ambiente", afirma Flávio Abreu, fundador da i9 Solar.
Uso da energia solar em propriedades rurais
A aplicação da energia solar ocorre tanto em áreas urbanas quanto rurais. No setor rural, a utilização de sistemas solares para a autogeração de energia é adotada em diversas propriedades. As propriedades rurais representaram 9,9% das unidades consumidoras abastecidas pela geração solar própria até março de 2025, segundo balanço divulgado pela Agência Brasil com base em dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).
O uso da tecnologia em áreas rurais tem sido direcionado ao aproveitamento de terrenos que não são destinados ao plantio ou que apresentam baixa produtividade. Segundo Flávio Abreu, "em várias regiões do país, conseguimos transformar áreas pouco produtivas em espaços que geram energia limpa. Isso ajuda o meio ambiente, traz economia para o produtor e ainda valoriza o terreno".
Flávio também ressalta que "a instalação dos sistemas fotovoltaicos não exige grandes obras de construção civil ou o uso de produtos químicos que possam alterar o solo de forma permanente. A estrutura dos painéis pode ser movida ou removida sem deixar danos permanentes na terra".
Sistemas agrivoltaicos
Em áreas agrícolas, a tecnologia de sistemas agrivoltaicos combina a geração de energia e o cultivo agrícola no mesmo espaço. Nesse modelo, painéis solares são instalados sobre plantações. O CEO da i9 Solar descreve os benefícios afirmando: "O agricultor reduz custos, melhora a produtividade e ainda preserva a terra. Ao mesmo tempo, a eficiência dos painéis aumenta, já que as culturas embaixo deles ajudam a reduzir sua temperatura, o que melhora a geração de energia".
Ao tratar da relevância do solo, o fundador da empresa reforça: "O solo é um bem valioso e limitado. Usar a energia solar é uma forma de crescer com consciência, cuidando do nosso planeta e garantindo um futuro melhor para as próximas gerações".



































Nascido em Oliveira de Azeméis, no norte de Portugal, Monteiro cresceu em uma família ligada ao setor de moldes e plásticos. A base técnica foi consolidada na Universidade do Porto, onde se formou em Engenharia Mecânica. O primeiro passo na indústria ocorreu na Simoldes Aços, em projetos para montadoras europeias e em estudos sobre processos de moldagem, o que o aproximou de cadeias globais do setor automotivo.
O percurso para o empreendedorismo começou cedo. Ainda em Portugal, criou a Plastic & Tooling Concept, voltada ao desenvolvimento de moldes e de produtos plásticos. O negócio, porém, não resistiu à combinação de crise econômica e concorrência com soluções não licenciadas, situação relatada por diversos fornecedores de software industrial na Europa no período pós-crise financeira. O encerramento da empresa levou o engenheiro a um período de reavaliação profissional e à decisão de buscar novos caminhos fora do país de origem.
O México foi o primeiro grande recomeço. Monteiro passou a atuar como projetista freelancer, atendendo empresas ligadas à indústria automotiva e estruturando o trabalho a partir de um escritório montado em casa. O modelo enxuto permitiu retomar projetos na área em que tinha experiência, ao mesmo tempo em que exigiu adaptação a outra cultura empresarial e a diferentes formas de contratar serviços de engenharia.
Anos depois, uma nova mudança de rota o levou ao Brasil. A entrada no mercado brasileiro não foi imediata: questões burocráticas, ausência de rede de contatos e diferenças regulatórias criaram obstáculos iniciais. A inserção ocorreu por meio de uma empresa de serviços de engenharia voltada à indústria automotiva, em projetos em grandes plantas no Nordeste. A partir daí, o engenheiro passou a atuar na gestão de equipes multiculturais e em iniciativas de integração entre times de diferentes países.
Em 2006, a decisão foi abrir o próprio grupo de engenharia, inicialmente a partir de casa, origem da empresa que mais tarde passaria a se chamar LUZA. A expansão do portfólio, a formação de equipes técnicas em diferentes localidades e a assinatura de contratos com montadoras globais contribuíram para consolidar a atuação internacional. A trajetória acompanha um movimento mais amplo do setor, em que empresas especializadas em serviços técnicos passaram a ocupar papel relevante em cadeias globais de fornecimento.
Esse contexto não é isolado. Relatório da consultoria Research and Markets estima que o mercado global de serviços de TI foi avaliado em cerca de 1,5 trilhão de dólares em 2024 e pode alcançar aproximadamente 2,59 trilhões de dólares até 2030, com taxa média de crescimento anual de 9,4%, impulsionado por computação em nuvem, automação e cibersegurança. Já a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (WIPO) indica que o gasto mundial com software atingiu cerca de 675 bilhões de dólares em 2024, quase 50% acima do nível observado em 2020, movimento associado à digitalização de processos e à adoção de inteligência artificial em diversos setores.
Foi nesse ambiente que Monteiro adotou, a partir da pandemia de Covid-19, um modelo de equipes distribuídas, conectando profissionais de engenharia e TI em diferentes regiões. A experiência, inicialmente adotada como resposta emergencial às restrições de mobilidade, passou a integrar a estratégia de longo prazo da organização. Hoje, a empresa atua com alocação de especialistas e desenvolvimento de projetos em setores como mobilidade, energia, telecomunicações, tecnologias da informação, mineração, agronegócio, ciências da vida e defesa, em parceria com companhias de médio e grande porte.
A história do engenheiro português também chama atenção pela combinação de formação técnica, recomeços sucessivos e uso das estruturas digitais que se consolidaram nos últimos anos. Em vez de uma trajetória linear, o que se observa é uma sequência de ajustes de rota em resposta a crises econômicas, mudanças de país e transformações do próprio setor. Esse tipo de percurso tem se tornado mais frequente em áreas ligadas à engenharia e tecnologia, em que carreiras internacionais e projetos distribuídos entre várias localidades deixam de ser exceção.
Influenciado por referências familiares e por figuras ligadas ao esporte de alto rendimento e ao empreendedorismo, Monteiro costuma resumir essa trajetória em torno de conceitos como disciplina, resiliência e visão de longo prazo. Para ele, resultados sustentáveis tendem a surgir da combinação entre conhecimento técnico, caráter e capacidade de aprender com ciclos de tentativa e erro. Em um contexto em que a demanda por profissionais qualificados cresce mais rápido do que a oferta, histórias com esse perfil ajudam a ilustrar os desafios e as oportunidades da engenharia na próxima década.
Sobre a LUZA
A LUZA é uma empresa multinacional de engenharia e tecnologia, originada da antiga PTC Group, fundada em 2006. A companhia atua com alocação de especialistas e desenvolvimento de projetos em engenharia e TI, em modelos que vão desde a prestação de serviços sob demanda até entregas turnkey. Com operações no Brasil, Portugal e outros países, está presente em setores como mobilidade, energia, telecomunicações, tecnologias da informação, mineração, agronegócio, ciências da vida e defesa, conduzindo iniciativas que envolvem desenvolvimento de produto, testes, integração de sistemas e otimização de processos industriais.