Dr. Fabio Barros alerta riscos de PMMA e do óleo mineral
O caso da criadora Juliana Oliveira, conhecida como Juju do Pix, submetida a cirurgia para retirada de óleo mineral injetado na face, recolocou em evidência os riscos do uso de substâncias permanentes em procedimentos estéticos. A influenciadora relatava deformidades após aplicação clandestina e divulgou imagens do pós-operatório em que parte do material removido é exibida pela equipe médica.
No Brasil, o polimetilmetacrilato é classificado como produto para saúde de alto risco. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mantém o PMMA autorizado somente para indicações corretivas específicas, não o recomendando para procedimentos com finalidade estética. Apesar disso, seguem sendo registrados usos off-label em alguns serviços, em geral, associados ao menor custo frente a preenchedores reabsorvíveis.
Sociedades médicas e conselhos profissionais apontam aumento de complicações vinculadas ao uso de PMMA em preenchimentos estéticos. Em 2025, o Conselho Federal de Medicina (CFM) encaminhou à Anvisa pedido para proibir o uso do produto como preenchedor estético, citando relatos de lesões extensas, sequelas funcionais e óbitos ligados a aplicações inadequadas.
Revisões de literatura descrevem o PMMA como material não absorvível, capaz de desencadear inflamação crônica, formação de granulomas, fibrose, migração do produto e nódulos endurecidos. As complicações tardias podem surgir meses ou anos após a injeção, incluindo necrose tecidual e infecções de difícil controle.
Além do PMMA, substâncias sem indicação médica para preenchimento, como óleo mineral e silicone industrial, continuam presentes em contextos clandestinos. No caso de Juju do Pix, reportagens indicam infiltração do material em diferentes planos da face, com deformidade, retrações e impacto emocional relevante. A primeira cirurgia reconstrutora resultou em melhora parcial e novas etapas estão previstas.
A retirada cirúrgica de substâncias permanentes, seja de PMMA, óleo mineral ou silicone industrial, é considerada uma das fases mais difíceis no manejo dessas complicações. Relatos descrevem aderência do produto à pele, envolvimento de musculatura e gordura, alteração da vascularização e proximidade com nervos faciais, fatores que limitam a remoção completa e aumentam o risco de cicatrizes e irregularidades residuais.
Diante desse quadro, serviços especializados em harmonização facial vêm incorporando a ultrassonografia facial como ferramenta de segurança para pacientes que já receberam substâncias permanentes ou suspeitam de exposição prévia. O exame auxilia na localização das áreas preenchidas, na avaliação da profundidade e da extensão do material e na análise da relação com estruturas nobres, permitindo mapear riscos antes de novo procedimento estético.
Na prática clínica, esse mapeamento por imagem favorece estratégias mais conservadoras. Em alguns casos, sinaliza possibilidade de remoção parcial ou total do produto, com planejamento cirúrgico detalhado. Em outros, indica a necessidade de adaptar a harmonização facial às alterações já instaladas, evitando manipulações adicionais que possam intensificar inflamações ou assimetrias.
A permanência de casos envolvendo PMMA e substâncias proibidas relaciona-se a múltiplos fatores. Entre eles, destacam-se o custo mais baixo do PMMA, a oferta de procedimentos em locais com fiscalização limitada e a atuação de profissionais não habilitados. A circulação de promessas de resultados rápidos nas redes sociais contribui para intervenções nas quais o paciente desconhece o produto utilizado e riscos de longo prazo.
Na avaliação do cirurgião bucomaxilofacial e especialista em harmonização facial Dr. Fabio Barros, não há espaço para o uso de PMMA na harmonização estética da face. Segundo o profissional, "o PMMA não deveria ser utilizado em procedimentos de harmonização facial, pela imprevisibilidade e gravidade das complicações tardias, que podem surgir muitos anos após a aplicação e exigir cirurgias extensas".
O especialista relata que pacientes com histórico de preenchimento permanente na face são avaliados com ultrassonografia facial antes de qualquer proposta de tratamento estético, para identificar áreas críticas, planejar intervenções e, quando possível, discutir alternativas cirúrgicas de remoção parcial do material. Em situações nas quais a retirada é considerada de alto risco, o planejamento de harmonização é adaptado para respeitar a anatomia modificada e minimizar o potencial de novas intercorrências.
Fabio Ricardo Barros é autor de um livro intitulado "Quebrando tabus da harmonização facial: um manual para não cair em ciladas", com lançamento previsto para janeiro, que abordará mitos e dúvidas frequentes sobre o tema. A obra dedicará um capítulo específico às complicações associadas à utilização de substâncias permanentes e proibidas, como PMMA, óleo mineral e silicone industrial, discutindo o papel do diagnóstico por imagem, da escolha criteriosa de materiais reabsorvíveis e da formação adequada de profissionais na prevenção de novos casos.
Na harmonização facial contemporânea, observa-se preferência crescente por materiais reabsorvíveis com registro regulatório, como ácido hialurônico e bioestimuladores de colágeno de uso aprovado para face. Esses produtos são considerados mais previsíveis e permitem ajustes graduais ao longo do tempo, reduzindo a exposição a complicações tardias de caráter definitivo. Em paralelo, o debate regulatório sobre o PMMA segue em curso, com foco na proteção da saúde pública e na redução de novas ocorrências de deformidades e sequelas graves em decorrência de procedimentos estéticos.
Na avaliação de Dr. Fabio Barros, também é importante diferenciar o PMMA utilizado em estruturas rígidas do PMMA injetável. O primeiro, em forma de placas ou próteses sólidas, é amplamente empregado em reconstruções ósseas e procedimentos craniomaxilofaciais, com finalidade estruturante e planejamento cirúrgico preciso. Já o PMMA injetável, em microesferas suspensas em veículo gelatinoso para preenchimento de tecidos moles, é o foco do alerta do especialista, por estar associado a inflamação tardia, migração e complicações graves quando empregado em harmonização facial.





































Nascido em Oliveira de Azeméis, no norte de Portugal, Monteiro cresceu em uma família ligada ao setor de moldes e plásticos. A base técnica foi consolidada na Universidade do Porto, onde se formou em Engenharia Mecânica. O primeiro passo na indústria ocorreu na Simoldes Aços, em projetos para montadoras europeias e em estudos sobre processos de moldagem, o que o aproximou de cadeias globais do setor automotivo.
O percurso para o empreendedorismo começou cedo. Ainda em Portugal, criou a Plastic & Tooling Concept, voltada ao desenvolvimento de moldes e de produtos plásticos. O negócio, porém, não resistiu à combinação de crise econômica e concorrência com soluções não licenciadas, situação relatada por diversos fornecedores de software industrial na Europa no período pós-crise financeira. O encerramento da empresa levou o engenheiro a um período de reavaliação profissional e à decisão de buscar novos caminhos fora do país de origem.
O México foi o primeiro grande recomeço. Monteiro passou a atuar como projetista freelancer, atendendo empresas ligadas à indústria automotiva e estruturando o trabalho a partir de um escritório montado em casa. O modelo enxuto permitiu retomar projetos na área em que tinha experiência, ao mesmo tempo em que exigiu adaptação a outra cultura empresarial e a diferentes formas de contratar serviços de engenharia.
Anos depois, uma nova mudança de rota o levou ao Brasil. A entrada no mercado brasileiro não foi imediata: questões burocráticas, ausência de rede de contatos e diferenças regulatórias criaram obstáculos iniciais. A inserção ocorreu por meio de uma empresa de serviços de engenharia voltada à indústria automotiva, em projetos em grandes plantas no Nordeste. A partir daí, o engenheiro passou a atuar na gestão de equipes multiculturais e em iniciativas de integração entre times de diferentes países.
Em 2006, a decisão foi abrir o próprio grupo de engenharia, inicialmente a partir de casa, origem da empresa que mais tarde passaria a se chamar LUZA. A expansão do portfólio, a formação de equipes técnicas em diferentes localidades e a assinatura de contratos com montadoras globais contribuíram para consolidar a atuação internacional. A trajetória acompanha um movimento mais amplo do setor, em que empresas especializadas em serviços técnicos passaram a ocupar papel relevante em cadeias globais de fornecimento.
Esse contexto não é isolado. Relatório da consultoria Research and Markets estima que o mercado global de serviços de TI foi avaliado em cerca de 1,5 trilhão de dólares em 2024 e pode alcançar aproximadamente 2,59 trilhões de dólares até 2030, com taxa média de crescimento anual de 9,4%, impulsionado por computação em nuvem, automação e cibersegurança. Já a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (WIPO) indica que o gasto mundial com software atingiu cerca de 675 bilhões de dólares em 2024, quase 50% acima do nível observado em 2020, movimento associado à digitalização de processos e à adoção de inteligência artificial em diversos setores.
Foi nesse ambiente que Monteiro adotou, a partir da pandemia de Covid-19, um modelo de equipes distribuídas, conectando profissionais de engenharia e TI em diferentes regiões. A experiência, inicialmente adotada como resposta emergencial às restrições de mobilidade, passou a integrar a estratégia de longo prazo da organização. Hoje, a empresa atua com alocação de especialistas e desenvolvimento de projetos em setores como mobilidade, energia, telecomunicações, tecnologias da informação, mineração, agronegócio, ciências da vida e defesa, em parceria com companhias de médio e grande porte.
A história do engenheiro português também chama atenção pela combinação de formação técnica, recomeços sucessivos e uso das estruturas digitais que se consolidaram nos últimos anos. Em vez de uma trajetória linear, o que se observa é uma sequência de ajustes de rota em resposta a crises econômicas, mudanças de país e transformações do próprio setor. Esse tipo de percurso tem se tornado mais frequente em áreas ligadas à engenharia e tecnologia, em que carreiras internacionais e projetos distribuídos entre várias localidades deixam de ser exceção.
Influenciado por referências familiares e por figuras ligadas ao esporte de alto rendimento e ao empreendedorismo, Monteiro costuma resumir essa trajetória em torno de conceitos como disciplina, resiliência e visão de longo prazo. Para ele, resultados sustentáveis tendem a surgir da combinação entre conhecimento técnico, caráter e capacidade de aprender com ciclos de tentativa e erro. Em um contexto em que a demanda por profissionais qualificados cresce mais rápido do que a oferta, histórias com esse perfil ajudam a ilustrar os desafios e as oportunidades da engenharia na próxima década.
Sobre a LUZA
A LUZA é uma empresa multinacional de engenharia e tecnologia, originada da antiga PTC Group, fundada em 2006. A companhia atua com alocação de especialistas e desenvolvimento de projetos em engenharia e TI, em modelos que vão desde a prestação de serviços sob demanda até entregas turnkey. Com operações no Brasil, Portugal e outros países, está presente em setores como mobilidade, energia, telecomunicações, tecnologias da informação, mineração, agronegócio, ciências da vida e defesa, conduzindo iniciativas que envolvem desenvolvimento de produto, testes, integração de sistemas e otimização de processos industriais.