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A revolução do 5G, mais do que dados móveis

Por Gustavo Fosse *

O celular foi originalmente desenvolvido para realizar chamadas, mas hoje essa parece ser a função menos importante nesse gadget.

A cada dia, mais funcionalidades são disponibilizadas em um smartphone, que pode ser usado como meio de pagamento, câmera fotográfica, gps, game center, central de notícias, dentre tantas outras coisas, realizando a maior parte das nossas atividades rotineiras. Não é à toa que estar sempre com o celular em mãos, para muitos, é mais importante do que estar portando documentos de identificação e dinheiro.

Essa evolução não seria possível sem o desenvolvimento simultâneo de outras inúmeras áreas, entre elas a melhoria nas tecnologias de comunicação e redes móveis. Embora ainda convivamos hoje com a tecnologia 4G, o mercado já se prepara para receber as redes 5G, que começarão a ser testadas com maior abrangência no ano que vem.

O 5G tem poder de revolucionar a forma como nos comunicamos, não apenas garantindo alta velocidade e ótima qualidade na transmissão de dados, mas permitindo que a internet das coisas (IoT) se torne verdadeiramente uma realidade mundial.



Isso porque, além de tornar viável o tratamento de uma enorme quantidade de dados, o 5G também possibilitará a conexão com uma inimaginável gama de sensores. Na verdade, qualquer coisa poderá estar conectada.

E quando falamos em “qualquer coisa”, estamos falando de qualquer coisa mesmo! Sua casa terá sensores inteligentes que detectarão automaticamente erros de construção, acúmulo de mofo, vazamento de água e problemas elétricos.

Sua geladeira poderá fazer compras sozinha. Já o seu carro, que será autônomo, possuirá uma precisão tão impecável, que poderá se conectar com o equipamento móvel de um pedestre, freando rapidamente para evitar um acidente.

E esses, obviamente, são apenas alguns poucos exemplos. Isso tudo para que você não precise se preocupar com as atividades mais corriqueiras e possa se dedicar a coisas maiores, mais complexas e prazerosas.

Esse cenário hiperconectado criará um ecossistema inteligente que se comunicará de forma instantânea, em um ambiente multiplataforma, onde a transição entre dispositivos será praticamente imperceptível.

Assim, é possível imaginar um futuro próximo no qual o smartphone não será mais a peça central de nossa existência digital. A combinação de novas tecnologias criará novas interfaces de comunicação, especialmente por meio de voz e gestos, que nos habilitarão a interagir diretamente com objetos à nossa volta, sem precisarmos mais consultar a tela do celular.

Pensando nas organizações, é óbvio admitir que, quanto mais tecnologia estiver disponível, mais digital serão nossos clientes. Por isso, é imprescindível questionar quais serviços e produtos deixarão de existir e quais nascerão frente a essa nova realidade.

Como um mundo inteiro conectado de forma mais rápida e eficiente por meio de bilhões de sensores vai influenciar o que fazemos hoje? E qual será a função de uma instituição financeira em um mundo assim?

Temos que nos preparar para coletar, analisar e trabalhar de forma quase instantânea com uma quantidade cada vez maior de dados. E, consequentemente, nossa infraestrutura de processamento e armazenamento sofrerá grandes alterações.

Sem dúvida, será necessário utilizar uma grande quantidade de serviços em nuvem, mas também será preciso operar com os mesmos conceitos de forma local, na borda –evoluindo para uma arquitetura que utilize, de forma compartilhada, o melhor desses dois mundos, de forma a oferecer aos clientes as melhores soluções financeiras com alta qualidade, completude e personalização.

Evidentemente, apesar de termos muitos bons presságios quanto ao que vem por aí, nem tudo será uma maravilha nesse admirável mundo novo. Também teremos pontos de vulnerabilidade que precisarão ser tratados com atenção, como ataques cibernéticos, questões de propriedade intelectual, riscos de constrangimento público e fraudes.

Essa hiperconectividade também poderá trazer efeitos não desejados na sociedade. Será que estaremos utilizando tantos recursos com a ética e responsabilidade devidas? Como hoje enfrentamos o phubbin – nome dado à circunstância de ser ignorado por alguém que está utilizando o celular – provavelmente teremos outros problemas de cunho social associados à tecnologia para serem discutidos e tratados.

Mas, naturalmente, isso faz parte do jogo da evolução humana.

Em um futuro próximo, o 5G irá, sim, revolucionar o mundo e nossas vidas. Não apenas em termos de mobilidade, mas também oferecendo novos formatos de conexão, novas soluções e novos negócios.

Existem muitas oportunidades e desafios esperando por nós. Devemos, desde já, preparar nossa arquitetura, nossos funcionários e nós mesmos para que possamos acompanhar a velocidade e os benefícios dessas mudanças. Estamos prontos para essa nova sociedade?

 

* Gustavo Fosse é diretor de Tecnologia do Banco do Brasil e diretor Setorial de Tecnologia e Automação Bancária da FEBRABAN, além de  colaborador da plataforma noomis



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