Home Carros Conectados Alta do petróleo promove corrida pela extração do produto

Alta do petróleo promove corrida pela extração do produto

Os projetos interrompidos há dois anos agora ganham força diante de uma demanda que paga por um valor 40% mais alto do que no ano passado.

por Gustavo Vaz*

A alta do preço do barril de petróleo no mercado internacional está mobilizando uma grande quantidade de empresas interessadas em investir na extração do produto já nos próximos anos.

O valor do Brent, o tipo de petróleo cru usado como referência na cotação do preço global, teve um forte movimento de alta a partir da ofensiva russa contra a Ucrânia, mas não há nada indicando que o fim da guerra, quando ocorrer, significará o recuo do valor do barril.

Foram necessários apenas três dias de conflito para que a cotação rompesse o patamar dos US$ 100, no dia 28 de fevereiro, e, desde então, manteve-se na casa dos três dígitos, alcançando o pico de US$ 139,13 no dia 7 de março. No último dia 23, o preço da commodity fechou o dia a US$ 121,44 o barril, alta de 5,16% em relação ao dia anterior. No acumulado de um mês, entre os dias 23 de fevereiro e 23 de março, a variação do preço foi de 25,4%.

A questão é que essa instabilidade dos preços tem menos a ver com diplomacias estremecidas na região da Eurásia por causa da OTAN ou dos movimentos separatistas em solo ucraniano do que pelas razões comerciais.



O detalhe é puramente econômico: a oferta e a demanda do petróleo estão em desacerto desde o início da pandemia, ainda nos primeiros meses de 2020.

Os lockdown fizeram suspender temporariamente a extração do produto e ainda desgastou potenciais projetos de investimentos para o setor petrolífero.

Por isso, a realidade do setor hoje é de um desejo global impactado por uma interrupção em todos os países produtores, resultando numa forte pressão sobre o preço. Motivo pelo qual já havia projeções no ano passado que indicavam que o petróleo atingiria os US$ 100 dólares este ano, ainda que sem um cenário iminente de guerra.

E é também essa razão que faz com que os projetos interrompidos há dois anos agora ganhem força diante de uma demanda que paga por um valor 40% mais alto do que no ano passado. Ainda que fazendo cara feia.

Pra piorar, não se percebe um interesse de fato dos membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) numa retomada imediata da produção nos mesmos níveis da pré-pandemia.

Essa indisposição de intensificar a produção para alcançar os níveis da demanda levanta suspeitas, para não dizer convicções, entre as demais nações de que a estratégia é reter os níveis de produção abaixo da necessidade mundial para manter o produto valorizado.

Se há algo que pode aliviar o panorama momentâneo é o capital privado, que enxerga com bons olhos a injeção de investimentos para intensificar a extração da commodity.

Além disso, é urgente pensar na ideia de privatização da Petrobras ou de ao menos parte de suas operações, de modo a deixar o mercado interno menos dependente de sua política de preços. E isso passa também por uma redução das intervenções, perversas por sinal, da Agência Nacional do Petróleo (ANP).

É a ausência desse debate e a presença de apenas algumas poucas empresas no refinamento do produto que nos obriga ao absurdo de sermos importadores de um produto cuja matéria-prima e tecnologia temos em abundância. Caso isso não ocorra, nós, e o restante do planeta, estaremos fadados a nos submeter a inflações impactantes

E a sonhar com projetos ainda mais ousados e urgentes de fontes de energia e de insumos que substituam o petróleo.

*Gustavo Vaz, financista, sócio e head de Ações da Atrio Investimentos

INSCREVA-SE NO CANAL DO YOUTUBE DO VIDA MODERNA

Mitos e verdades sobre o refrigerador side by side da Samsung, com três portas



Previous articleUtilizar peças originais contribui para a conservação do veículo
Next articleWellbeing busca bem-estar na criação de espaços residenciais e corporativos