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CFOs precisam encarar os desafios do atual cenário digital

Os executivos da área de finanças precisam entender que o mundo seguirá movimentando-se cada vez mais rápido na direção das mudanças impostas pelos atuais modelos digitais. Por essa razão, os CFOs (Chief Finance Officers, ou diretores financeiros) devem estar preparados para encarar demandas de negócios sobre os quais ainda não temos ideia de onde vão parar. Esta é uma das principais conclusões do estudo “Hora Decisiva – Finanças em um mundo digital”, realizado pela Deloitte.

De acordo com a pesquisa, os CFOs talvez não tenham uma compreensão absoluta sobre o que está ocorrendo na área financeira, mas sabem, com certeza, aquilo que eles querem: manter as finanças de suas organizações em “boa forma”; que sua contabilidade esteja sempre em dia; que as empresas tenham visão aberta ao futuro; e que disponham de recursos para tomarem as melhores decisões.

Nesse sentido, e diante do fato de que a área financeira tem muita experiência na gestão de mudanças, o mundo digital da atualidade traz oportunidades que ainda não chegamos a conhecer. Entre elas, estão as que permitem explorar enormes quantidades de informação, de maneira rápida, e distribuir conhecimento por onde quer que seja necessário. Essas mudanças não estão apenas impulsionando melhorias operacionais, como também vêm ampliando as expectativas sobre a geração de insights ao negócio.

“De repente, um montante incomensurável de dados que estavam perdidos em algum lugar inalcançável está vindo à tona, e se torna instrumento essencial para compreendermos melhor os negócios e desenvolvermos soluções de sucesso. Temos que dar sentido a esses dados e usá-los como uma vantagem competitiva e gerencial para melhor servir nossos clientes”, considera Othon Almeida, sócio-líder do CFO Program da Deloitte Brasil.

Afinal, o que deve estar no radar desses executivos de finanças diante das disrupções digitais:



Os volumes de dados estão explodindo – A informação está inundando os negócios, causando uma explosão no volume de registros de dados. Termos como big data, mídias sociais e internet das coisas (IoT) agora devem estar no vocabulário cotidiano dos gestores. Afinal, o mundo cria 2,5 quintilhões (10¹ 8, ou dez elevado à décima oitava potência) bytes de dados todos os dias.

Não estruturado é diferente – O crescimento massivo de dados estruturados já é por si só um grande desafio, mas a quantidade de dados não estruturados, como os presentes em vídeos, fotografias e textos, apresenta desafios analíticos que muitas áreas financeiras não estão preparadas para enfrentar. Grande parte delas não tem nem a tecnologia nem os recursos humanos para acompanhar essa evolução.

Área de finanças não tem a exclusividade das análises – Os executivos de negócios hoje têm acesso a ferramentas de análise que antes costumavam ser de propriedade exclusiva da área financeira. Quando áreas de finanças não conseguem agregar valor como esperado, seu papel de parceiro do negócio fica ameaçado.

Ciclos de negócios estão online – Em um mundo digital, produtos podem ser lançados em horas, em vez de meses. Mas podem também desaparecer com a mesma rapidez – assim como seus clientes. Os ciclos de planejamento, forecasting, alocação de capital e fechamento já estão aptos a migrar para o ambiente online. Como a área financeira consegue fazer mais coisas em tempo real?

As restrições de recursos e talentos são reais – Para quem vai atuar em finanças digitais, há a tendência de se valorizar habilidades com o foco nas áreas de ciências de dados e parceria de negócios. Muitas áreas financeiras entretanto não têm o pessoal adequado para promover as mudanças demandadas. Treinamento e desenvolvimento podem ajudar, mas a necessidade de recrutar pessoal com novas habilidades está assumindo uma nova urgência.

Por onde começar?
De acordo com as análises do estudo “Hora Decisiva”, da Deloitte, o CFO de um negócio já estabelecido obviamente encara desafios tecnológicos de maneira diferente daquele gestor financeiro de uma empresa que já cresceu digital. Para este último, a área financeira pode já estar operando totalmente na nuvem, com automação em todos os setores, e não há algo com um sistema legado. Sua equipe de finanças já nasceu digital.

Já as empresas tradicionais tendem a enxergar o desafio digital de maneira diferente. Muitas estão adotando a nuvem e soluções de analytics, mas ainda têm muitos sistemas legados funcionando – sistemas que requerem investimento de muito dinheiro e esforços para serem mantidos. É difícil implementar a mudança, que é constante, ante desafios que vêm de todas as direções.

Algumas áreas financeiras estão respondendo ao desafio adotando um modelo operacional híbrido no qual alguns processos de finanças ocorrem por meio de automação e robótica. Em teoria, isso libera pessoas para que agreguem valor ao planejamento, orçamento e apoio a decisões de negócios. Outras estão apostando fortemente em analytics, para melhorar o desempenho de suas unidades de negócios e fortalecer a parceria com finanças.

Ao final, cada empresa terá que percorrer seus próprios caminhos. Mas não importa qual futuro se visualiza, pois os líderes provavelmente serão aqueles que descobrirem como fazer o digital funcionar e “trabalhar” para a área de finanças – e para o negócio como um todo.

Novos desafios, novas ferramentas
Alguns dos novos recursos digitais disponíveis para a área de finanças focam especificamente em atualizar sistemas centrais e capacidades existentes. Outras ferramentas – as quais chamamos de exponenciais – são projetadas para fornecer capacidades novas e diferentes. Juntas, elas formam um conjunto de soluções que a área financeira pode usar para melhorar o desempenho e servir a empresa de maneira mais eficiente, especialmente quando utilizadas em conjunto.

De acordo com a pesquisa da Deloitte, as sete tecnologias descritas a seguir têm crescente relevância em como o trabalho de finanças é executado:

· Modernização dos sistemas atuais
1 – Cloud – A computação em nuvem (cloud computing) é um tipo de tecnologia escalável e elástica para fornecer serviços e soluções por meio da internet. Ao invés de realizar grandes investimentos em TI (tecnologia da informação), a área financeira pode obter todas as funcionalidades “como um serviço”, fornecido por nuvens públicas, privadas ou híbridas.
2 – Robótica – Robótica de processos automatiza o processamento de transações e a comunicação ao longo de diversos sistemas de tecnologia. Robôs executam processos recorrentes, como se fossem humanos, mas com menos risco de cometer erros e sem fadiga.
3 – Visualização – A visualização refere-se ao uso inovador de imagens e tecnologias interativas para explorar grandes conjuntos de dados e de alta densidade. Conjuntos de visualização complementam plataformas de business intelligence e analytics, oferecendo gráficos avançados, interatividade, usabilidade e uma ótima experiência ao usuário.

· Tecnologias exponenciais
4 – Analytics avançado – Já há algum tempo, o analytics tem sido parte do arsenal de finanças. Mas novas técnicas estão ajudando os executivos a enfrentar questões desafiadoras, com respostas criteriosas. Frequentemente, isso significa vasculhar o big data para verificar padrões que possam sugerir oportunidades futuras.
5 – Computação cognitiva – Computação cognitiva e inteligência artificial (IA) simulam o pensamento humano. Essa tecnologia inclui machine learning, processamento de linguagem natural, reconhecimento de voz e visão computacional.
6 – Processamento in-memory – Processamento in-memory refere-se à armazenagem de dados no dispositivo principal de memória para obter tempos de resposta mais rápidos. E, uma vez que esses dados são comprimidos, os requisitos de armazenamento são reduzidos. O resultado? Maior velocidade e acesso a quantidades de dados que antes eram inimagináveis.
7 – Blockchain – Blockchain é uma tecnologia que permite a transferência de ativos financeiros entre diferentes partes de maneira confiável, por meio de uma rede de computadores, sem depender de intermediários, como uma autoridade central reguladora, como governos ou bancos.

Resultados percebidos
O estudo “Hora Decisiva” mostra que a maioria das áreas de finanças das empresas consultadas já está em sua jornada digital, mesmo que seus planos de ação não sejam claros. Os CFOs não estão fazendo somente investimentos em cloud, analytics e robótica; eles estão também repensando a busca por talentos, em antecipação às crescentes expectativas do negócio diante de perspectivas de agregar valor às organizações.

Felizmente, segundo o estudo, os CFOs não estão sozinhos. Outras áreas dos negócios também estão liderando iniciativas digitais, e há muito a aprender com as suas experiências. Nesse sentido, o CFO deve manter contato estreito com seus colegas, para descobrir como a transformação digital tem redefinido seus talentos e seus modelos de operação. O objetivo é aprender com os sucessos que obtiveram e também com as falhas.

  • As principais sugestões
    Comece mapeando sua necessidade de transformação financeira, concentrando-se primeiramente em recursos que já se provaram vencedores nas áreas de finanças de outras organizações;
    Tenha um plano mestre de longo prazo, mas execute um passo de cada vez;
    Os cenários estão mudando muito rapidamente. Desta forma, não faça grandes apostas em uma única direção. Sinta-se confortável e pronto para a mudança, entendendo os potenciais riscos e benefícios.

“Não importa qual futuro você, como CFO, vislumbre para o seu próprio departamento financeiro. Uma coisa é certa, se os líderes de negócios ao seu redor pretendem competir no mundo digital, eles precisarão de sua ajuda para processar mais informações, com a maior velocidade possível, e transformar essas informações em insights profundos, mais do que nunca. Isso vai exigir novas tecnologias e uma equipe de finanças curiosa e habilitada para utilizá-las”, conclui Fábio Perez, diretor do CFO Program da Deloitte Brasil e responsável pela prática de consultoria em Finance Transformation. “Não ter um plano de ação é muito perigoso, uma vez que o ritmo da transformação está acelerado demais em todas as indústrias. Esteja atento aos ganhos rápidos e use-os para alavancar a mudança.”



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