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A vez da “economia das assinaturas”

Comprar vai virar coisa do passado

Por João Lima *

Estamos na era da economia da recorrência. Esse novo modelo, também conhecido como “economia das assinaturas”, é resultado da revolução das relações comerciais que substituiu a ideia de propriedade pelo conceito de uso. As pessoas hoje estão muito mais inclinadas a pagar para viver as experiências proporcionadas pelas compras do que para simplesmente deter um bem.

Não é por acaso que as assinaturas de produtos ou serviços ganharam tanto espaço nos últimos anos no mundo todo. Existe uma infinidade de clubes de assinaturas: de vinhos, cervejas especiais e produtos de beleza a alimentos e produtos para pets — passando até por ativos de maior valor, como veículos e casas.

Relatório da consultoria McKinsey de 2019 identificou um crescimento global de 18% nas receitas dos clubes de assinatura, enquanto o faturamento do modelo tradicional aumentou bem menos, 4%. Para se ter uma ideia da magnitude desse mercado, apenas nos Estados Unidos os clubes de compras movimentam anualmente cerca de US$ 10 bilhões.



Uma pista para se explicar a expansão do conceito de uso em detrimento da posse vem da pesquisa Millennial Survey 2019, da consultoria Deloitte. O estudo mostrou que os millennials (pessoas nascidas entre 1980 e 2000) são os mais adeptos dos serviços recorrentes e dos clubes de assinaturas. Esse modelo de negócios, portanto, tem um público jovem, interessado em experiências e mais consciente de seu poder de compra.

É uma geração que está em busca de diversificação, mas que não abre mão de qualidade e praticidade.

O sucesso da economia da recorrência fica evidente quando se observa o espantoso crescimento das plataformas de streaming, como Netflix e Spotify, nos últimos anos. Esses bem-sucedidos negócios abriram um caminho promissor para outros programas de assinatura, fazendo os consumidores entenderem na prática as vantagens do uso em relação à posse de produtos — e a principal delas é o fato de não precisarem investir altas somas na compra de equipamentos e na manutenção desses bens.

A economia da recorrência permite que o consumidor tenha flexibilidade para contratar pacotes conforme as suas necessidades e interesses. Fazendo assinaturas, ele também pode ter acesso aos melhores produtos desembolsando uma parcela ínfima dos valores de aquisição.

Vale destacar a excelência da prestação dos serviços de manutenção nesse modelo, ponto essencial para os players garantirem a fidelidade dos clientes — afinal, recorrência é a palavra-chave nesse mercado. Outro benefício: as assinaturas livram os consumidores da eventualidade de gastos imprevistos; as despesas sempre podem ser estimadas.

No caso específico da contratação de pacotes de aluguel de equipamentos, mercado que tem crescido de maneira exponencial, é grande o benefício da atualização constante dos hardwares. A economia da recorrência evita que os clientes precisem substituir dispositivos que tenham ficado obsoletos — a troca fica por conta da empresa fornecedora.

Com essa dinâmica, os consumidores contornam a necessidade de elevados investimentos na compra de equipamentos novos e que logo podem ficar ultrapassados. Uma verdadeira e importante economia de recursos.

Embora as gigantes do streaming tenham aberto a trilha, é importante ressaltar que a economia das assinaturas já se disseminou para muitos outros setores — e continua nesse movimento de expansão, que evidencia as vantagens da contratação dos serviços recorrentes. Em pouco tempo os millennials estarão à frente das empresas, o que deve dar ainda mais fôlego para a soberania do uso. Comprar vai virar coisa do passado.

* João Lima é coCEO da Agasus

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