A pandemia acelerou o mercado de telerradiologia veterinária, um serviço que já encontrava espaço há alguns anos no país.  Com isso, as clínicas puderam fornecer diagnósticos de qualidade a tutores que foram obrigados a evitar deslocamentos em meio aos protocolos de distanciamento social. A ferramenta permite que os laudos de exames de imagem sejam feitos com certificação após a avaliação presencial e, em seguida, sejam enviados diretamente para o veterinário e para o responsável pelo animal.

O mais antigo Centro de Diagnóstico Veterinário da América Latina, a Provet, usa a plataforma da Dr. Tis há três anos. Além dos exames presenciais, a instituição, que fica em São Paulo, oferece o serviço de telerradiologia para 30 clínicas em todo o Brasil — ou seja, estabelecimentos que não possuem um radiologista especialista presente podem, após fazer o exame, encaminhar a imagem para avaliação de um bom profissional via plataforma e receber o laudo em qualquer parte do país.

Para o radiologista veterinário Carlo Grieco, responsável pelo setor de Imagem do centro, a pandemia também impulsionou os atendimentos remotos na área de medicina veterinária. “O número de exames mensais deu um salto. Realizamos mais que o triplo de atendimentos registrados antes da pandemia – quando não havia a necessidade de distanciamento”, conta o Grieco.



Novas possibilidades
O aumento no número de exames por telerradiologia abriu espaço para outro serviço: o de armazenamento de imagens na nuvem. “Após a realização do exame no animal, todas as imagens ficam armazenadas de forma segura, sem necessidade de manutenção de servidores e equipes de TI”, diz Jihan Zoghbi, CEO da Dr. Tis. A startup, que desenvolve sistemas para área de saúde desde 2016, oferecia a plataforma para 60 clínicas quando o novo coronavírus chegou. E, entre março e dezembro de 2020, viu o número de contratos crescer 43%, chegando a quase 90 clientes diretos.

Hoje, o produto chamado PACS Vet corresponde a uma fatia de 40% do faturamento da healthtech —que também trabalha com telerradiologia e telemedicina para pessoas. “Montamos um produto com todos os parâmetros veterinários para atendimento específico de animais, o que facilita a análise e dá precisão no diagnóstico. Não é uma plataforma de prateleira. É customizada para cada cliente”, relata o analista de Suporte e Implantação da Dr. TIS, Franklin Consoli Bertanha.

Tecnologia que agrega resultado
O CEO da CHC Imagem, Vitor Molina, usa a telerradiologia e o sistema PACS Vet há quatro anos. Molina viu o número de atendimentos crescer 25% em 2020. Segundo ele, o resultado se deve, especialmente, pela atuação junto a unidades móveis. “Os tutores queriam evitar a circulação entre hospitais, clínicas e centros de diagnósticos. Por isso, preferiam acionar equipes volantes para fazer os exames no mesmo local onde o animal já estava em atendimento”, aponta. Segundo o executivo, o comportamento se refletiu no faturamento, que teve uma alta de 30% e atingiu um valor recorde desde a inauguração da empresa, em 2012.

Para Jihan Zoghbi, o uso da ferramenta vai crescer no pós pandemia: “Muitas clínicas precisaram implementar o serviço de forma acelerada e apostaram nos nossos diferenciais: um sistema que pode ser acessado de qualquer computador, smartphone ou tablet — sem necessidade de baixar aplicativo; totalmente personalizado de acordo com os serviços prestados; e com dados criptografados de ponta a ponta — que seguem à risca as normas da Lei Geral de Proteção de Dados”, detalha a CEO. “Apenas profissionais autorizados conseguem acessar para fazer o laudo e encaminhar ao cliente final. Tudo online. Depois de testar e ver o resultado, a tendência é que o uso se popularize”, complementa.

Evolução que vem para ficar
Na Semeve, o primeiro hospital veterinário da Bahia, os serviços de radiologia à distância são utilizados apenas em unidades próprias. “Oferecemos a telerradiologia há três anos e, quando a pandemia chegou, já estava tudo implementado. Foi mais fácil para se adaptar. Conseguimos manter um número bem reduzido de profissionais em regime presencial sem prejudicar o atendimento”, explica a médica veterinária Kátia Requião.

Com a possibilidade de acessar a plataforma de qualquer lugar, os especialistas do grupo de risco ficavam em regime de home office e acessavam, de casa, os exames feitos presencialmente. O laudo e a imagem eram enviados pela internet. “Importante, também, o fato de garantirmos o armazenamento da imagem para nosso cliente sem necessidade de servidores. É uma tranquilidade, além da redução de custos, claro”, diz Kátia. “A rotina funcionou tão bem para o hospital durante a pandemia — percebemos uma alta no rendimento — que devemos seguir com regime híbrido de trabalho”, conclui.

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