Home INOVAÇÃO Gigantes da tecnologia, e não as fintechs, mudarão pra valer os bancos

Gigantes da tecnologia, e não as fintechs, mudarão pra valer os bancos

As startups de tecnologia e as especializadas nos mercados de finanças e seguros (chamadas de fintechs e insurtechs, respectivamente) representam somente a ponta do iceberg das mudanças que esses dois segmentos da economia verão nos próximos anos. Além das novidades que elas trazem, uma série de tecnologias disruptivas mudarão a forma como esses negócios são feitos e como os clientes interagem com essas empresas. É o que aponta um relatório do Fórum Econômico Mundial e conduzido pela consultoria global Deloitte.

O relatório “Além das Fintechs: uma avaliação pragmática do potencial disruptivo nos serviços financeiros“, mostra que o advento dessas startups mudou o cenário da indústria financeira, mas ainda não impactou diretamente na competitividade da cadeia envolvida nesses setores. O problema todo é uma questão de velocidade.

A tecnologia, de uma forma geral, avança a passos largos. Atualmente existem soluções robustas e estáveis de bots, inteligência artificial, aprendizado de máquina, realidade virtual, etc. As blockchains tambem começaram a ter testes finais em 2017. São coisas que há três anos eram só expectativa e há dez eram quase ficção. Computação quântica e o modo como isso impactará a criptografia são vistas como produtos viáveis, algo que há cinco anos era mais teoria acadêmica. Com tudo isso ocorrendo, várias funções básicas dos bancos e seguradoras ficam cada vez mais automatizadas e commoditizadas, perdendo parte gigantesca da diferenciação e proposta de valor.

Ao mesmo tempo, não outra alternativa para essas empresas financeiras. Elas precisam entrar nesses avanços e garantir a competitividade. E, nesse ponto, as fintechs e insurtechs têm ajudado muito. Porém, mostra o estudo do Fórum e da Deloitte, o impacto da inovação no ecossistema financeiro é menor do que o esperado. Falta escala. E no meio desse cenário, gigantes de tecnologia começam a ser concorrência pesada para os serviços que antes só as empresas financeiras ofereciam.

Gigantes da tecnologia, e não as fintechs, mudarão pra valer os bancos



“A parceria entre bancos e grandes empresas tecnológicas corre o risco de não se manter recíproca”, afirma Jesse McWaters, principal autor do estudo, e Lead Project, Innovation Disruptive in Financial Services no World Economic Forum. “As instituições financeiras dependem cada vez mais das empresas de tecnologia para avançar em suas capacidades mais sensíveis estrategicamente. No entanto, elas só podem oferecer em troca o próprio negócio”, alerta.

“Vivemos um momento em que a inovação é fator primordial na perspectiva daqueles que prestam serviços financeiros. Acompanhar as transformações e a nova dinâmica imposta a esse mercado é o grande desafio dos agentes que operam no segmento, sejam aqueles que estão do lado das instituições tradicionais, sejam os que operam na ponta disruptiva”, avalia Sergio Biagini, sócio da Indústria de Serviços Financeiros em Consultoria da Deloitte.

Oito transformações
O relatório indica oito pontos de mudança para bancos e instituições financeiras. Três delas têm destaque:

Ascensão das plataformas: O aumento de ofertas permitindo escolha ao consumidor terá profundas implicações na concepção e distribuição de produtos, e provavelmente irá forçar as empresas a adotarem mudanças de papéis. As plataformas que oferecem soluções que permitem envolver ofertas vindas de diferentes instituições financeiras em um único canal podem se tornar o modelo dominante para a entrega de serviços no setor. O avanço dessas plataformas, com Open Banking, provavelmente irá levar à reformulação dos serviços financeiros, passando das atuais organizações claramente definidas para um perfil de entidades intercambiáveis. Isso pode exigir que os proprietários da plataforma sejam gerenciadores de ecossistemas eficientes, equilibrando as necessidades entre os que oferecem produtos e a demanda do cliente;

Regionalização financeira: Diferentes prioridades regulatórias, capacidades tecnológicas e necessidades dos clientes têm desafiado a narrativa que aponta para o avanço da globalização financeira, abrindo caminho para modelos regionais de serviços financeiros adequados às condições locais. Mesmo as empresas globais podem precisar de estratégias distintas para conquistar vantagens competitivas regionais e se integrar aos ecossistemas locais. Enquanto isso, as fintechs provavelmente enfrentarão sérios obstáculos para se estabelecer em múltiplas localidades, mesmo que a tecnologia reduza barreiras a essa entrada. Operadores podem se tornar parceiros atraentes para fintechs que procuram entrar em novos mercados, à medida em que procuram oportunidades para adquirir rapidamente escala de atuação;

Empresas de Tecnologia sistemicamente importantes: Os esforços das instituições financeiras tradicionais para imitar as principais capacidades das empresas de alta tecnologia provavelmente levarão a uma dependência cada vez maior em relação a essas últimas. Por exemplo, à medida que as instituições financeiras buscam aprimorar as experiências digitais de seus consumidores, elas dependerão cada vez mais da infraestrutura baseada em nuvem de alta tecnologia para ganhar escala, implantar processos e aproveitar a Inteligência Artificial como um serviço. Enquanto as instituições financeiras buscam novas vantagens para aumentar sua pegada competitiva, elas terão de fazer escolhas difíceis: se tornar dependentes de empresas de alta tecnologia, ou correr o risco de se atrasar em relação às ofertas tecnológicas, caso minimizem o engajamento para proteger sua independência.

Os demais cinco fatores de transformação observados no relatório incluem:
Comoditização de custos: As empresas estão explorando novas tecnologias e trabalhando com outras organizações para acelerar a comoditização de suas bases de custos e poder preservar suas margens e concentrar-se em estratégias mais promissoras;
Redistribuição do lucro: A tecnologia provavelmente permitirá que as organizações ignorem as cadeias de valor tradicionais, permitindo a redistribuição de lucros;
Propriedade da experiência: O poder será provavelmente transferido para os proprietários das interfaces de atendimento ao cliente; os provedores de serviços devem, portanto, se tornar hiperdimensionados ou hiperfocados;
Monetização de dados: Em um futuro em que os dados são cada vez mais importantes, a propriedade e o controle destes se tornarão uma questão chave para todas as partes interessadas; e
Força de trabalho biônica: Como a capacidade das máquinas para replicar os comportamentos humanos continua a evoluir, as instituições financeiras provavelmente precisarão administrar a mão de obra e o capital intelectual como um único conjunto de capacidades.

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